Kunming, 9 set (Xinhua) -- "O destino do Sul Global não será decidido por outros; será forjado por nós. Precisamos de unidade estratégica, visão de longo prazo e coragem política", disse Aires Ali, ex-primeiro-ministro de Moçambique.
Ali fez as observações na cerimônia de abertura do Fórum de Mídia e Think Tank do Sul Global 2025, realizado de sexta a terça-feira em Kunming, na Província de Yunnan, sudoeste da China.
Com o tema "Empoderando o Sul Global, Navegando pelas Mudanças Globais", o evento de cinco dias deste ano é a segunda edição, sucedendo à realizada em São Paulo, Brasil, no ano passado.
O fórum concentra-se em construir consenso sobre a paz, identificar novos motores de desenvolvimento, ampliar a cooperação e promover o diálogo entre civilizações, reunindo cerca de 500 representantes de mais de 260 instituições de 110 países, além de organizações internacionais e regionais.
Vários participantes destacaram que o cenário global de opinião pública favorece historicamente o Norte, e que as histórias e demandas do Sul nem sempre são plenamente compreendidas. Nesse contexto, o fórum reforça o papel estratégico dos meios de comunicação e think tanks do Sul Global na construção de uma narrativa própria e no fortalecimento da voz do Sul.
"O Sul Global é mais do que um espaço geográfico. É uma voz, uma força, uma história de luta e de esperança. É a nossa responsabilidade coletiva assegurar que essa voz seja ouvida, respeitada e valorizada, não apenas pelos nossos cidadãos, mas por toda a comunidade internacional", acrescentou Ali.
Reforçando a importância da comunicação responsável, Leonardo Attuch, editor-chefe do Brasil 247, destacou que o papel da comunicação e do jornalismo, diante do unilateralismo, da desinformação e da ameaça de conflitos, impõe à mídia do Sul Global uma responsabilidade histórica de assegurar que as vozes dos povos sejam ouvidas com dignidade.
"Narrativas justas são a semente da paz", disse, ressaltando que a cooperação com meios de comunicação chineses contribui para uma narrativa global mais justa e equilibrada.
Por sua parte, Tiago Seide, diretor executivo da Rádio Capital da Guiné-Bissau, sugeriu medidas específicas que podem fortalecer a cooperação entre os meios de comunicação do Sul Global. Entre elas destacam-se a criação de redes temáticas coordenadas, calendários editoriais comuns e a formação conjunta de jornalistas, iniciativas que já demonstram potencial de elevar padrões e reforçar a credibilidade.
Além disso, Seide destacou a importância de plataformas de fact-checking colaborativas e projetos de produção de conteúdo compartilhado, que podem ajudar a elevar padrões jornalísticos, aumentar a credibilidade e promover o uso estratégico das línguas locais.
Nesse mesmo sentido, Ansumane Cassamá, inspetor-geral da Comunicação Social da Guiné-Bissau, reforçou que a cooperação midiática no Sul Global deve operar como uma via de mão dupla, construindo pontes de compreensão e confiança entre os povos.
"A cooperação existe, mas precisa ser aprofundada e institucionalizada para que se torne uma força transformadora consistente", disse Cassamá, solicitando mecanismos mais robustos e estruturados que possam cobrir eventos e realidades com a própria lente do Sul Global.

