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Por que a Iniciativa de Governança Global proposta pela China chega na hora certa

15 de setembro de 20255 min de leitura
Por que a Iniciativa de Governança Global proposta pela China chega na hora certa

Foto aérea de drone tirada em 28 de agosto de 2025 mostra vista externa do principal local da Cúpula da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) 2025, em Tianjin, no norte da China. (Xinhua/Zhao Zishuo)

Beijing, 13 set (Xinhua) -- A recém-proposta Iniciativa de Governança Global (IGG) da China tem chamado cada vez mais atenção nas últimas semanas, com observadores a elogiando como a resposta mais recente e oportuna de Beijing aos desafios globais urgentes e um apelo pela construção de um sistema internacional mais justo e inclusivo.

Revelado pela primeira vez na cúpula da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS), em Tianjin, em 1º de setembro, a IGG tem sido reiterada pela China em reuniões bilaterais, fóruns multilaterais, declarações diplomáticas e, mais recentemente, na cúpula virtual do BRICS desta semana.

A iniciativa descreve cinco princípios fundamentais: aderir à igualdade soberana, respeitar o Estado de Direito internacional, praticar o multilateralismo, defender a abordagem centrada nas pessoas e focar na tomada de ações concretas.

Analistas acreditam que o lançamento da IGG reflete tanto a urgência dos desafios globais atuais quanto o crescente papel dos mercados emergentes e dos países do Sul Global nos assuntos internacionais. Em um cenário de crises simultâneas e crescente unilateralismo, plataformas como a OCS e o BRICS oferecem espaços naturais para o avanço da iniciativa e a amplificação das vozes do Sul Global.

RESPOSTA OPORTUNA AOS DESAFIOS GLOBAIS

Analistas dizem que o momento da realização da IGG reflete as crescentes crises globais marcadas por tensões geopolíticas, incertezas econômicas, conflitos regionais e problemas de saúde pública.

A globalização econômica nas últimas décadas fortaleceu a interdependência entre as nações e beneficiou bilhões de pessoas; no entanto, o abismo entre ricos e pobres continua aumentando, e a pobreza persistente continua assolando lugares como a África.

Terrorismo, crises de refugiados, doenças infecciosas galopantes, conflitos geopolíticos frequentes, pobreza extrema e mudanças climáticas estão se tornando desafios cada vez mais proeminentes, disse Wang Fan, reitor da Universidade das Relações Exteriores da China.

"Nenhum país pode ficar imune; somente fortalecendo a governança global a humanidade poderá verdadeiramente trabalhar junta no mesmo barco", acrescentou Wang.

Ao mesmo tempo, o unilateralismo e as abordagens de "país em primeiro lugar" ganharam força em algumas regiões, acompanhados de intimidação unilateral que atrapalha a ordem internacional. Em conjunto, essas crises expuseram falhas profundas no sistema de governança global.

Wang Yiwei, diretor do Instituto das Relações Internacionais da Universidade Renmin da China, destacou três problemas centrais do atual sistema de governança global: a sub-representação do Sul Global, a erosão do direito internacional por ações unilaterais e a baixa eficácia no enfrentamento de questões urgentes como as mudanças climáticas, a exclusão digital e áreas emergentes como IA e espaço sideral.

"Os déficits em paz, desenvolvimento, segurança e confiança estão se agravando, enquanto os mecanismos existentes lutam para responde", disse Wang Fan. "Avançar na reforma da governança global é a única maneira de preencher essas lacunas".

Foto aérea de drone tirada em 22 de agosto de 2025 mostra vista de um terminal de contêineres do Porto de Tianjin, no norte da China. (Xinhua/Zhao Zishuo)

OCS E BRICS: PLATAFORMAS PARA INCLUSÃO

A escolha da cúpula da OCS como plataforma para anunciar a IGG foi bem ponderada e significativa. Com membros que incluem China, Rússia e Índia, a OCS representa quase metade da população mundial e um quarto do PIB global.

A Cúpula da OCS de Tianjin deste ano foi a maior de todas, com a presença de líderes de mais de 20 países e chefes de 10 organizações internacionais, a maioria do mundo em desenvolvimento.

Uma dinâmica semelhante existe no BRICS. Isso os torna plataformas ideais para promover uma iniciativa voltada para uma governança global mais igualitária e inclusiva.

A IGG também responde diretamente às preocupações de longa data das nações em desenvolvimento, cujas vozes têm sido frequentemente marginalizadas na tomada de decisões globais.

Apesar de suas crescentes contribuições, as economias emergentes, particularmente as do Sul Global, permanecem sub-representadas em instituições como o FMI e o Banco Mundial, onde a participação dos países do BRICS nos votos é subestimada, disse Ren Lin, da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

"Quando as Nações Unidas foram fundadas, há 80 anos, tinham apenas 51 Estados-membros, e poucos países do Sul Global haviam conquistado a independência do domínio colonial", destacou Wang Yiwei.

Hoje, os países em desenvolvimento impulsionam grande parte do crescimento mundial e representam a maioria de sua população. Suas demandas por justiça e inclusão não podem mais ser ignoradas.

A IGG procura tornar o sistema internacional mais inclusivo e eficaz, expandindo a participação dos países em desenvolvimento na tomada de decisões globais, garantindo assim que o multilateralismo e a igualdade sejam verdadeiramente praticados, disse Abu Bakr al-Deeb, pesquisador de economia política e consultor do Centro Árabe de Pesquisa e Estudos, sediado no Cairo.

PARTE DA VISÃO GLOBAL DA CHINA

A IGG marca a quarta iniciativa global histórica proposta pela China nos últimos anos, após a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global.

Em 2021, a Iniciativa de Desenvolvimento Global foi lançada para promover o desenvolvimento global em meio à pandemia e à lenta recuperação econômica.

Em 2022, a Iniciativa de Segurança Global foi lançada, defendendo soluções benéficas para reduzir riscos e resolver conflitos.

Em 2023, a Iniciativa de Civilização Global foi introduzida em resposta à crescente retórica do "choque de civilizações" e ao aumento das divisões culturais, clamando por inclusão, coexistência e aprendizado mútuo entre civilizações.

Do desenvolvimento e segurança à civilização e governança, a China tem consistentemente avançado com propostas enraizadas na sabedoria oriental e focadas em soluções práticas.

Juntas, essas iniciativas incorporam a visão da China de construir uma ordem internacional mais justa, inclusiva e voltada para o futuro, além de promover o futuro compartilhado da humanidade.