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Parceria Brasil-China em saúde promete expandir atendimento à população, diz ministro brasileiro

22 de outubro de 20255 min de leitura

Beijing, 22 out (Xinhua) -- "Estive na China pela primeira vez como ministro da Saúde do Brasil no ano de 2012. Treze anos depois, volto à China observando que aqueles que eram desafios da saúde naquele ano hoje se transformaram em ações já consolidadas. É impressionante o avanço alcançado pelo governo chinês e seu povo nesses anos na área da saúde", afirmou o ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, em entrevista exclusiva à Xinhua durante sua visita à China, na semana passada.

Durante a visita, a delegação brasileira discutiu com a parte chinesa o fortalecimento dos intercâmbios e da cooperação em saúde e assistência médica entre os dois países. As duas partes reafirmaram o memorando de entendimento existente. No plano de ação para a ampliação desse memorando, ambos os lados ressaltaram o compromisso de fortalecer cada vez mais a atuação conjunta do Brasil e da China em defesa da Organização Mundial da Saúde e na proteção dessa instituição.

As duas partes também concordaram em fortalecer a parceria para o desenvolvimento das medicinas tradicionais chinesa e brasileira, por meio da interação, troca de experiências, formação de profissionais e identificação de oportunidades de atuação conjunta entre essas medicinas e os respectivos sistemas de saúde, bem como a inserção da medicina tradicional chinesa (MTC) no sistema público brasileiro, segundo o ministro.

"A gente vê coisas na China que só vão acontecer em outros países do mundo em 2050. Mas, mesmo assim, eles não largam a tradição. E a tradição é muito importante para a formação desse sentimento nacional, para a defesa da saúde e para a defesa do seu povo", disse Padilha em um vlog gravado durante sua visita ao Hospital Guang'anmen, da Academia Chinesa de MTC.

Segundo ele, o Hospital Guang'anmen lhe causou profunda boa impressão. Nesta instituição de MTC, diversos problemas complexos de saúde são tratados com eficiência, e os equipamentos desenvolvidos especialmente para os especialistas em MTC garantem atendimento completo e cuidadoso em todas as etapas do cuidado à saúde, inclusive no acesso aos medicamentos.

Durante sua visita de quatro dias, o ministro também visitou o Hospital Tiantan de Beijing, subordinado à Universidade Médica da Capital, e o Hospital Zhongshan, afiliado à Universidade Fudan - ambos reconhecidos como hospitais inteligentes de nível nacional. A delegação realizou uma inspeção de suas instalações inteligentes, obtendo uma compreensão profunda de seu sistema de atendimento ambulatorial eficiente e organizado, baseado na informatização

Padilha afirmou que ficou impressionado com as inovações da China na área médica. No Hospital Tiantan, ele experimentou um equipamento de ressonância magnética de 0,5 T ainda em fase de pesquisa e destacou que essa iniciativa é um exemplo de inovação colaborativa entre indústria, universidades e centros de pesquisa, capaz de aumentar significativamente a eficiência no enfrentamento dos desafios de saúde pública. Ele também observou o fortalecimento da cooperação entre médicos chineses e brasileiros e manifestou o desejo de ampliar as parcerias acadêmicas entre instituições de ensino superior dos dois países.

"Um dos motivos da nossa visita à China é avançar na construção de hospitais tecnológicos no Brasil e queremos estabelecer acordos bilaterais neste sentido", disse Padilha. "Este é o futuro da saúde. Um hospital que acompanha o paciente não só quando está internado ou passando por consultas, mas também após a alta com assistência e uso integrado de tecnologias avançadas", ressaltou Padilla.

O ministro destacou ainda que a cooperação entre empresas de saúde dos dois países avança de forma constante. Com o apoio tecnológico de empresas chinesas, o Brasil já iniciou a produção local de uma nova geração de insulina de longa duração - a insulina glargina - garantindo fornecimento mais estável e menos vulnerável à variação cambial. Ele manifestou a esperança de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Administração Nacional de Produtos Médicos da China (NMPA, em inglês) reforcem o diálogo para aprofundar a produção e ampliar a oferta de medicamentos no Brasil.

Em setembro, o Brasil lançou oficialmente o projeto do Instituto de Tecnologia Médica Inteligente (ITMI-Brasil), liderado pelo Ministério da Saúde, que deverá se tornar o primeiro hospital inteligente do país.

Segundo Padilha, a experiência chinesa em hospitais inteligentes, na formação de profissionais, no uso de inteligência artificial na gestão digital e na telemedicina é altamente inspirador, e a parceria sino-brasileira, fortalecida no âmbito do BRICS, oferece oportunidades para a modernização dos serviços de saúde do Brasil. O país busca ampliar a cooperação técnica com instituições médicas chinesas a fim de aprimorar a qualidade do atendimento, reduzir o tempo de espera por consultas especializadas e otimizar a gestão de seu sistema de múltiplos níveis.

"Eu acho que os avanços tecnológicos da experiência chinesa e a alta cobertura dos pacientes brasileiros vão se unir em algum momento, e poderão aumentar ainda mais a oferta de serviços à população. Temos avançado muito na parceria com empresas chinesas nesse desenvolvimento comum de tecnologia para cuidar da população brasileira", concluiu o ministro.