Beijing, 8 set (Xinhua) -- O presidente chinês, Xi Jinping, participou na segunda-feira de uma cúpula virtual do BRICS e proferiu um importante discurso, pedindo aos países do BRICS que avancem em solidariedade e cooperação.
A cúpula foi presidida pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e também contou com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, do presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, do presidente indonésio, Prabowo Subianto, do príncipe herdeiro de Abu Dhabi dos Emirados Árabes Unidos, Khaled bin Mohamed, e dos representantes da Índia e da Etiópia.
Em seu discurso intitulado "Avançar pela Frente em Solidariedade e Cooperação", Xi observou que transformações nunca vistas em um século estão acelerando em todo o mundo, e o hegemonismo, o unilateralismo e o protecionismo estão galopando com maior rapidez.
"Os países do BRICS, ficando na dianteira do Sul Global, devem agir conforme o Espírito do BRICS de abertura, inclusão e cooperação de ganhos compartilhados, defender em conjunto o multilateralismo e o sistema multilateral do comércio e promover cooperação BRICS maior, e formar em conjunto uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade", disse Xi. Ele fez três propostas para esse fim.
Em primeiro lugar, ele pediu aos países do BRICS que persistam em multilateralismo para defender a equidade e justiça internacionais. "O multilateralismo é a aspiração compartilhada do povo e a tendência primordial dos nossos tempos", disse Xi, acrescentando que ele fornece uma base importante para a paz e o desenvolvimento do mundo.
Xi disse que a Iniciativa para a Governança Global que ele propôs recentemente visa galvanizar uma ação global conjunta para um sistema de governança global mais justo e equitativo.
É importante seguir o princípio de consulta extensiva e contribuição conjunta para benefícios compartilhados, e salvaguardar o sistema internacional com as Nações Unidas no seu centro e a ordem internacional alicerçada no direito internacional, de forma a consolidar os fundamentos do multilateralismo, disse ele.
Xi disse que esforços ativos devem ser feitos para promover uma maior democracia nas relações internacionais e aumentar a representação e a voz dos países do Sul Global, acrescentando que o sistema de governança global deve ser melhorado por meio de reformas, a fim de mobilizar plenamente os recursos de todas as direções e enfrentar de forma mais efetiva os desafios comuns para a humanidade.
Sua segunda proposta foi persistir em abertura e cooperação de ganhos compartilhados para salvaguardar a ordem econômica e comercial internacional. Observando que a globalização econômica é uma tendência irresistível da história, Xi disse que os países não podem prosperar sem um ambiente internacional de cooperação aberta, e nenhum país pode recuar para um isolamento autoimposto.
Ele disse que os países do BRICS devem continuar comprometidos com a formação de uma economia global aberta, visando compartilhar oportunidades e alcançar resultados de ganhos compartilhados na abertura, acrescentando que o sistema multilateral do comércio com a Organização Mundial do Comércio no seu centro deve ser defendido e todas as formas de protecionismo devem ser rejeitadas.
Os países do BRICS devem promover uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, colocar o desenvolvimento no centro da agenda internacional e assegurar que os países do Sul Global participem da cooperação internacional como iguais e compartilhem os frutos de desenvolvimento, disse Xi.
Em terceiro lugar, os países do BRICS devem persistir em solidariedade e cooperação para fomentar sinergia para desenvolvimento comum, disse Xi.
Os países do BRICS representam quase metade da população mundial, cerca de 30% do PIB mundial e um quinto do comércio global.
Xi disse que quanto mais estreitamente eles trabalharem em conjunto, mais resilientes serão, mais medidas terão e maiores efeitos produzirão para abordar os riscos e desafios externos.
A China está disposta a trabalhar junto com países do BRICS para implementar a Iniciativa para o Desenvolvimento Global, levar adiante a cooperação Cinturão e Rota de alta qualidade, aproveitar os respectivos pontos fortes, aprofundar a cooperação prática e fazer a cooperação comercial, financeira, científica e tecnológica mais produtiva, de forma a consolidar a base, as forças motrizes e a influência de cooperação BRICS maior, e trazer mais benefícios tangíveis aos povos, disse ele.
Outros líderes participantes disseram que atos unilateralistas e intimidadores estão perturbando a ordem internacional, o direito internacional e as regras internacionais estão sob a ameaça e o comércio está sendo usado como uma ferramenta para interferir nos assuntos internos de outros países, o que prejudica gravemente a paz e o desenvolvimento do mundo.
Eles disseram que os países do BRICS precisam fortalecer a solidariedade e a colaboração, responder em conjunto a crises e desafios, salvaguardar o multilateralismo, defender o sistema internacional de comércio livre e aberto e proteger os interesses comuns do Sul Global.
Os líderes observaram que a Iniciativa para a Governança Global proposta pelo presidente Xi é pertinente e aponta a direção e o caminho para melhorar a governança global.
As partes concordaram em manter a comunicação sobre questões críticas, como a crise na Ucrânia e o conflito em Gaza. Salientaram a necessidade de fazer bom uso do Grupo de Amigos pela Paz sobre a crise na Ucrânia e de aderir à solução de dois Estados para resolver a questão palestina e manter a paz e a estabilidade no Oriente Médio.
As propostas do presidente Xi são muito esclarecedoras, oferecendo uma orientação importante que ajuda a injetar estabilidade no cenário internacional, disse Wang Lei, diretor do Centro de Pesquisa de Cooperação do BRICS na Universidade Normal de Beijing.
Considerando seu papel significativo no atual sistema político e econômico global, os países do BRICS devem fortalecer ainda mais a solidariedade e a cooperação, o que significa muito para a estabilidade política e econômica global e a reforma do sistema multilateral, disse Wang.
