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Marcas chinesas exploram mercado brasileiro de eletrodomésticos com inovação e produção local

16 de outubro de 20253 min de leitura

Beijing, 16 out (Xinhua) -- Nos últimos anos, marcas chinesas de eletrodomésticos vêm conquistando o mercado brasileiro, atendendo desde residências e apartamentos até escritórios e centros comerciais, onde a demanda por soluções de climatização e conforto está em expansão.

O Brasil tornou-se uma das principais apostas da estratégia global das empresas chinesas, que buscam transformar presença comercial em presença produtiva, investindo em fábricas, cadeias de suprimento e redes de serviços locais.

Estatísticas indicam que a taxa de penetração de ares-condicionados residenciais no Brasil ainda é inferior a 25%, significativamente abaixo da média global, o que evidencia um potencial de crescimento considerável. Paralelamente, o mercado de televisores está em constante renovação, impulsionado pela popularização de telas grandes e funcionalidades inteligentes.

Diante desse cenário, empresas chinesas vêm competindo não apenas por preço, mas também por inovação, produção local e serviços de pós-venda, transformando a antiga vantagem de custo em uma estratégia baseada em valor agregado.

Essa tendência ficou clara durante a Febrava 2025, maior feira da América Latina dedicada ao setor de aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração, realizada em setembro em São Paulo. Marcas chinesas como Gree, TCL, Hisense e Midea apresentaram tecnologias voltadas à eficiência energética, automação e sustentabilidade, sinalizando um novo estágio de consolidação no mercado brasileiro.

O crescimento do setor reflete também dados macroeconômicos robustos. A economia da América Latina registrou forte expansão nos últimos anos. Em 2024, as exportações chinesas de eletrodomésticos de linha branca para a região cresceram 33% em relação ao ano anterior, com as exportações ao Brasil registrando alta de mais de 52%. Nos primeiros cinco meses de 2025, o crescimento dessas exportações foi de 19,9% para a região da América Latina e de 19% para o Brasil.

Zhou Nan, secretário-geral da divisão de eletrodomésticos da Câmara de Comércio para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos da China, afirmou que a América Latina é uma das regiões de crescimento mais rápido para as exportações chinesas.

As empresas chinesas líderes do setor adotam estratégias para adaptar produtos e operações às demandas locais. A Gree mantém liderança em ares-condicionados graças à produção local e tecnologia acumulada; a TCL cresce rapidamente combinando televisores e climatização; a Hisense aproveita o reconhecimento em televisores para expandir múltiplas categorias; e a Midea constrói vantagem competitiva com várias fábricas e portfólio diversificado de produtos. Embora sigam caminhos diferentes, todas visam transformar a presença no Brasil, de mera exportação a um compromisso de longo prazo.

Analistas apontam que o sucesso futuro dependerá da capacidade de cada empresa de aprofundar a produção local, investir em tecnologias de eficiência energética e estabelecer redes de serviços próximas do consumidor.

À medida que consolidam fábricas, cadeias de suprimento e centros de inovação em território brasileiro, as marcas chinesas deixam de ser exportadoras ocasionais para se tornarem participantes estruturais da economia local, refletindo uma presença estratégica de longo prazo e um reposicionamento da China na cadeia global de valor.