Em um cenário de turbulência global, o Espírito de Xangai, que promove confiança mútua, benefícios recíprocos, igualdade, consulta, respeito às civilizações diversas e busca por desenvolvimento comum, tem sido reconhecido por sua visão cooperativa baseada no diálogo e inclusão. Conforme reportado pela Xinhua em 2 de setembro, a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) realizou sua maior cúpula até então, em Tianjin, no norte da China, reunindo mais de 20 países e 10 organizações internacionais. Durante o evento, os líderes reafirmaram o Espírito de Xangai como a base para a cooperação regional, destacando-se por oferecer benefícios mútuos em vez de uma disputa de soma zero, o que explica a crescente adesão global à visão.
Na cúpula de Tianjin, o presidente chinês Xi Jinping anunciou que a China disponibilizará 2 bilhões de yuans (aproximadamente 280 milhões de dólares) em doações aos membros da SCO ainda este ano e concederá 10 bilhões de yuans (1,4 bilhões de dólares) adicionais em empréstimos ao Consórcio Interbancário da SCO nos próximos três anos. Xi também propôs a criação de um banco de desenvolvimento da SCO para apoiar a cooperação econômica entre os países membros. "O verdadeiro desenvolvimento é aquele que beneficia a todos e é sustentável", afirmou Xi. Segundo Selcuk Colakoglu, diretor do Centro de Estudos Ásia-Pacífico da Turquia, "as iniciativas lideradas pela China podem promover a cooperação benéfica para todos, aumentar a estabilidade regional e fomentar o crescimento econômico na Eurásia."
A SCO, que começou com raízes regionais, agora abrange 10 estados membros e parceiros na Ásia, Europa e África, representando quase metade da população mundial. Sob este framework, a cooperação resultou em um aumento significativo do comércio e investimento. Dados oficiais indicam que o comércio bilateral anual da China com outros membros da SCO ultrapassou 500 bilhões de dólares, enquanto os investimentos chineses em membros da SCO superaram 84 bilhões de dólares. "Os volumes de comércio estão aumentando, os investimentos estão se intensificando, os corredores de transporte e cadeias logísticas estão se desenvolvendo, e soluções aduaneiras digitais estão sendo implementadas", destacou o ex-ministro das Relações Exteriores do Quirguistão, Alikbek Dzhekshenkulov.
Além disso, a SCO tem se dedicado a enfrentar desafios de segurança comuns desde sua fundação em 2001, com foco no combate ao terrorismo, separatismo e extremismo. Mecanismos como a Estrutura Regional Antiterrorista (RATS) têm fortalecido a paz e a estabilidade na região. "A SCO desenvolveu um modelo único de segurança e desenvolvimento regional baseado na cooperação multilateral", afirmou o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko em entrevista à Xinhua. Ele ressaltou que a organização mostra que os desafios de segurança podem ser tratados pela cooperação, através de compartilhamento de inteligência, exercícios militares e construção de confiança entre os países.
A cúpula também marcou o lançamento da Iniciativa de Governança Global (GGI), proposta por Xi, que se fundamenta em cinco princípios: igualdade soberana, adesão ao estado de direito internacional, prática do multilateralismo, abordagem centrada nas pessoas e foco em ações concretas. O presidente russo Vladimir Putin expressou apoio à iniciativa, afirmando que ela é relevante para um sistema de governança global mais justo e equitativo. "A SCO pode assumir um papel de liderança nesses esforços", disse Putin na reunião "SCO Plus". A iniciativa, segundo analistas, reflete os esforços da China para promover a paz e o desenvolvimento global, enriquecendo a visão de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade.