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Destaque: Estudantes de Gaza retornam a faculdades danificadas pela guerra, agarrando-se à esperança em meio às ruínas

13 de dezembro de 20255 min de leitura
Destaque: Estudantes de Gaza retornam a faculdades danificadas pela guerra, agarrando-se à esperança em meio às ruínas

Estudantes palestinos caminham pelo campus da Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Gaza, 11 dez (Xinhua) -- Em meio aos escombros da Universidade Islâmica da Cidade de Gaza, Ahmed Totah se aproximou de sua primeira sala de aula com uma mistura de medo e esperança. O campus estava gravemente danificado, mas o jovem de 19 anos finalmente estava começando a educação universitária com a qual sonhava.

"Nunca imaginei que este momento chegaria tão rápido", disse ele, segurando sua nova mochila. "Principalmente após dois anos de guerra e o quase colapso da vida em Gaza".

Totah se formou no ensino médio em julho com uma média de 93%. Ele disse que foi inesperado. Anos de ataques aéreos e interrupções o obrigaram a estudar usando luz fraca de celular ou de velas.

"Eu estudava enquanto sentia que tudo ao meu redor estava desmoronando", disse ele. "Todas as noites eu dizia para mim mesmo: Podemos perder tudo, menos nossa educação".

Mesmo com suas notas, ir para a universidade parecia quase impossível. As aulas haviam sido suspensas e a maioria dos prédios do campus estava em ruínas.

"Quando os resultados saíram, não fiquei tão feliz quanto esperava", disse ele. "O medo superou a alegria. Eu ficava me perguntando: Será que vou mesmo estudar? Ou devo esperar mais um ano?".

Ele acabou se matriculando no curso de tecnologia da informação com o qual sempre sonhou. Mas seus primeiros passos no campus foram avassaladores. A destruição estava por toda parte, e pilhas de escombros tornavam a universidade quase irreconhecível em comparação ao que era antes.

Ainda assim, ele disse que o simples fato de estar ali dava uma sensação de esperança que não tinha há alguns meses. "Pode não ser como era antes", disse ele, "mas ainda é o único lugar onde posso acreditar no futuro. Só de estar sentado em uma sala de aula já me dá energia para continuar".

Hiba Abu Nada, 21 anos, retomou seus estudos de História após uma pausa de dois anos. Ela se matriculou em 2023, mas passou o período do conflito estudando on-line, preocupada com a possibilidade de concluir o curso sem nunca ter pisado em uma sala de aula.

Para ela, entrar em um auditório pela primeira vez foi um momento marcante. Mostrou que a educação podia continuar apesar da guerra.

"Olhando ao redor para as cadeiras vazias e as paredes danificadas, percebi que voltar não era apenas estudar", disse ela. "Era a prova de que o futuro não acabou e que podemos reconstruir nossas vidas".

Totah e Abu Nada estão entre os milhares de estudantes que retornaram às aulas presenciais em Gaza. A Universidade Islâmica, gravemente danificada, reabriu após dois anos.

Antes da guerra, Gaza tinha sete universidades e onze faculdades. O conflito causou pesadas perdas: pelo menos 1.111 estudantes universitários e 193 acadêmicos e professores foram mortos, incluindo Sufian Tayeh, reitor da Universidade Islâmica.

Apesar disso, a universidade reabriu para estudantes do primeiro ano em cursos que exigem aprendizado prático: medicina, engenharia, ciências, enfermagem, tecnologia da informação e direito.

Bassam al-Saqqa, vice-reitor da universidade, disse que a reabertura faz "parte de um plano gradual para restaurar a vida acadêmica, com foco em disciplinas que não podem ser ministradas on-line". Os desafios são enormes. Prédios, laboratórios, eletricidade e infraestrutura de internet estão gravemente danificados. A falta de materiais dificulta a reconstrução e atrasa a reabertura completa.

A Universidade Al-Azhar, em Gaza, está adotando uma abordagem semelhante, priorizando as faculdades de ciências e medicina que precisam de laboratórios. Cerca de 1.000 estudantes retornaram ao campus, embora alguns ainda estudem on-line.

Para estudantes como Farah Deeb, 22 anos, o retorno ao campus é ao mesmo tempo um choque e um alívio.

Estudante de medicina, Farah Deeb disse à Xinhua que voltar à universidade "foi inesperado, dada a dimensão da destruição".

"Ver as portas da universidade reabrirem foi como um sonho... O retorno é um passo importante para retomarmos nossas vidas acadêmicas, apesar de todas as dificuldades", disse ele.

Estudantes palestinos caminham pelo campus da Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Estudantes palestinos assistem a uma aula na Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Estudantes palestinos assistem a uma aula na Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Foto tirada em 7 de dezembro de 2025 mostra vista da Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Estudantes palestinas sentadas no campus da Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Professor dá aula na Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Estudantes palestinos assistem a uma aula na Universidade Islâmica, na Cidade de Gaza, em 7 de dezembro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)