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Comunicadores latino-americanos conclamam contar suas próprias histórias em parceria com a China

9 de setembro de 20254 min de leitura

Kunming, 9 set (Xinhua) -- Vivemos em uma época de grandes mudanças, onde o hemisfério sul está se tornando outra referência para a justiça e a estabilidade, mas ainda existem grandes desafios na convergência de meios de comunicação e na capacidade de contarmos nossa própria história, afirmaram jornalistas da América Latina e do Caribe, reunidos em Kunming, no sudoeste da China.

A Província de Yunnan, onde Kunming está localizada, sediou o Fórum de Mídia e Think Tank do Sul Global 2025, de 5 a 9 de setembro, com cerca de 500 participantes de mais de 260 meios de comunicação, think tanks, agências governamentais e organizações internacionais de 110 países e regiões, incluindo uma representação significativa da América Latina e do Caribe.

"Na comunicação, estamos apostando, em boa medida, o destino da humanidade", disse Patricia Villegas, presidente do canal multinacional de notícias TeleSUR, à Xinhua.

Villegas destacou a importância do fórum, organizado pela Agência de Notícias Xinhua e pelas autoridades da Província de Yunnan, por ser uma oportunidade para conhecer colegas do Sul Global e construir aprendizagem mútua.

Na primeira sessão plenária do fórum, no sábado, o senador mexicano Yeidckol Polevnsky Gurwitz observou que a China se posiciona como a principal promotora do multilateralismo e uma força importante no Sul Global.

"Em 2024, tive o privilégio de participar do primeiro fórum em São Paulo, Brasil, com representantes de mais de 70 países e regiões", lembrou Polevnsky. "Hoje, somos muitos mais."

COMUNICAÇÃO, UM DESAFIO COMUM DO SUL GLOBAL

A comunicação é uma ferramenta importante nos esforços de todos os países para alcançar seu próprio desenvolvimento.

"As conquistas da China nas últimas décadas na redução da pobreza, educação, saúde e progresso tecnológico são impressionantes", disse Carlos Correa, diretor executivo do South Center, um think tank intergovernamental do Sul Global com sede em Genebra, na Suíça. Ele acredita que o restante do mundo, especialmente os países em desenvolvimento, podem ter pouca compreensão desses avanços.

"O papel desempenhado pela mídia e pelos think tanks é essencial para que as vozes do Sul Global ressoem e sejam ouvidas em todo o mundo", disse o senador mexicano.

Para Erika Hoffmann, presidente do Serviço Nacional de Comunicação Audiovisual (Secan) do Uruguai e diretora do Canal 5, a chave é "romper com a narrativa hegemônica que nos faz pensar que só uma coisa está acontecendo no mundo".

"Temos uma diversidade de culturas no Sul, mas também em todo o mundo, que merece ser contada", segundo Hoffmann, que enfatizou a necessidade de proteger o jornalismo autêntico, combater as notícias falsas e superar os preconceitos que a tecnologia traz.

Apesar desse cenário, Hoffmann expressou a convicção de que a cooperação e o trabalho em equipe são a chave para "podermos triunfar e desafiar supremacias e grandes hegemonias".

CONTAR NOSSAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS

Diante do consenso sobre a importância da comunicação para o desenvolvimento, o Fórum de Mídia e Think Tank do Sul Global busca traçar ações concretas para continuar avançando na construção de histórias próprias.

Luis Laínez, diretor editorial do Diário El Salvador, disse à Xinhua que uma das ações mais benéficas para sua mídia nos últimos anos foi o intercâmbio profissional com a China.

"Na nossa cultura, quando alguém não entende outra pessoa, diz: você está falando chinês", destacou Laínez, que atribui a origem dessa frase à percepção de que a China é um país distante, difícil de entender.

"Nos últimos anos, nosso jornal conseguiu cobrir muito mais sobre a China graças aos intercâmbios facilitados tanto pelo governo quanto pelas instituições de mídia", enfatizou Laínez. "Aos poucos, há maior compreensão e mais interesse da sociedade em aprender sobre a China, sobre sua língua, sua cultura e sua história."

A diretora uruguaia concorda com a importância dada ao intercâmbio de pessoas e informações, tanto na prática como acadêmica, destacando que a Secan e a Xinhua já concluíram um acordo de intercâmbio e cooperação de notícias para facilitar esses espaços.

Hoffmann também enfatizou a importância de fazer um balanço das experiências e lições aprendidas. "O que funcionou para um país pode não funcionar para outro, mas é importante poder compartilhar conhecimento, métodos de fazer as coisas e tecnologias."

Para o responsável do canal de notícias TeleSUR, as mídias do Sul Global são capazes de superar o paradigma de uma simple visibilidade dos conteúdos através de um verdadeiro trabalho conjunto. "Temos que parar de pensar e agir como se cada um dos nossos meios fosse uma janela um para o outro. Agora temos que trabalhar juntos."

"Compartilhar a verdade, o verdadeiro contarmos juntos, aprender um com o outro, estes representam a chave para desafiar a hegemonia da comunicação no mundo de hoje", concluiu. Fim

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