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(Multimídia) Cooperação mais inteligente e verde impulsiona laços entre China e América Latina e Caribe

6 de novembro de 20254 min de leitura
(Multimídia) Cooperação mais inteligente e verde impulsiona laços entre China e América Latina e Caribe

   Zhengzhou, 6 nov (Xinhua) -- Lázarojim Campos Martínez não viajou de Cuba até o centro da China apenas para falar de açúcar ou charutos -- ele buscava algo muito mais amplo. Em um movimentado salão de conferências, o presidente do Grupo de la Electrónica se viu fascinado por uma pequena e inteligente máquina agrícola.

   Martínez participava de uma sessão de conexão empresarial que integrou a 18ª Cúpula Empresarial China-América Latina e Caribe (China-LAC), encerrada recentemente em Zhengzhou, capital da Província de Henan, centro da China. O evento reuniu autoridades governamentais, diplomatas, especialistas e representantes empresariais da China e de mais de 20 países latino-americanos e caribenhos.

   "Trocamos contatos com executivos de várias empresas, abrangendo os setores de agricultura, eletrônica e fabricação automotiva", disse ele. Não se tratava do antigo comércio baseado em commodities do passado, mas de algo mais novo e inteligente.

   Essa mudança foi o tema central da cúpula deste ano, em que os tradicionais apertos de mão diplomáticos foram eclipsados pelo zumbido de cães-robôs e pelas linhas elegantes de veículos elétricos. O encontro funcionou como uma demonstração ao vivo de como a tecnologia está acelerando e remodelando os laços econômicos entre parceiros distantes.

   Setor há muito tempo fundamental nas trocas entre China e os países da América Latina e Caribe, a agricultura está sendo digitalmente reinventada. Para Gustavo González, funcionário de desenvolvimento rural do Uruguai, sua primeira viagem a Henan revelou uma parceria que vai muito além da agricultura convencional.

   "As perspectivas de cooperação em agricultura inteligente são vastas", afirmou González, pouco depois de sua agência assinar um memorando de cooperação com Henan Agricultural Investment Group Co., Ltd. para criar uma "base demonstrativa de tecnologia agrícola". A colaboração se concentrará na introdução e registro de novas variedades de culturas, bem como em treinamentos técnicos e outras áreas, elevando a parceria na cadeia de valor.

   A ambição tecnológica apresentada na cúpula, porém, se estendeu muito além das fazendas. O ambiente lembrava uma feira de tecnologia, com novos drones e ônibus autônomos atraindo multidões e exibindo aplicações de ponta. Delegados latino-americanos falaram com familiaridade sobre fabricantes chineses de veículos elétricos como BYD, Geely e Chery, empresas que já conquistam presença concreta nos mercados da região.

   Essa familiaridade se apoia em números sólidos. Dados da E-Bus Radar mostram que, até outubro de 2025, mais de 7 mil ônibus elétricos já operavam na América Latina, muitos deles de fabricação chinesa. A Yutong Bus, sediada em Henan, informou ter exportado mais de 2 mil veículos de nova energia para a região até setembro deste ano, representando quase 30% de suas exportações totais para a América Latina.

   "No México, é possível ver ônibus Yutong circulando nas ruas, e muitas outras empresas chinesas também já atuam lá", disse Víctor Cadena, vice-presidente executivo da Câmara de Comércio Mexicana na China.

   Por trás desse florescente comércio de alta tecnologia há uma rede logística essencial, com um projeto de carga aérea de "duplo hub" entre Zhengzhou e a Cidade do México, que opera atualmente cinco voos semanais para formar uma ligação intercontinental crucial.

   "Vejo um dinamismo impressionante aqui", observou Cadena em sua terceira visita à província. O dinamismo é quantificado pelos dados alfandegários, que mostram que o comércio de Henan com a América Latina cresceu 10,5% em relação ao ano passado nos três primeiros trimestres de 2025, com 17 mil toneladas de carga já transportadas pela nova rota aérea, e cerca de 90% das remessas de Zhengzhou para destinos como Colômbia, Peru e Venezuela são mercadorias de comércio eletrônico transfronteiriço.

   O quadro mais amplo revela um momento histórico de expansão. O volume total de comércio entre a China e a América Latina alcançou US$ 518,4 bilhões em 2024, o dobro do registrado uma década atrás. Este novo capítulo, no entanto, trata de ir além do simples aumento dos volumes comerciais para enraizar profundamente os investimentos nas economias locais.

   A entrada planejada da rede chinesa de chás Mixue Bingcheng no Brasil ilustra essa mudança, um movimento que ultrapassa a exportação de produtos e aposta na construção de cadeias produtivas locais, com potencial para gerar até 25 mil empregos.

   "Isso trará investimentos significativos", disse José Ricardo dos Santos Luz Junior, copresidente e CEO do LIDE China. "A China oferece ao Brasil milhares de produtos que podem ir além da exportação, alcançando o desenvolvimento local."

   Para autoridades como a vice-ministra das Relações Exteriores do Uruguai, Valeria Csukasi, que destacou o papel da cúpula na promoção do comércio, essa cooperação tecnológica e multifacetada com a China tem injetado nova vitalidade nos países do Sul Global e tende a se aprofundar à medida que os mecanismos de parceria se ampliam.