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Mídia e think tanks do Sul Global unem esforços para aprimorar governança global

15 de novembro de 20258 min de leitura
Mídia e think tanks do Sul Global unem esforços para aprimorar governança global

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também membro do Escritório Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, preside a reunião de alto nível do Conselho de Segurança da ONU com tema "Praticando o multilateralismo, reformando e aprimorando a governança global" na sede da ONU em Nova York, em 18 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Wu Xiaoling)

* Em um contexto de profundas transformações sem precedentes em um século, o despertar do Sul Global e sua crescente cooperação se tornaram parte indispensável do cenário internacional, com a cooperação China-África no centro.

* Os principais aspectos da cooperação China-África representam a visão chinesa de construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade.

Joanesburgo, 13 nov (Xinhua) -- A Conferência da Parceria China-África do Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global começou nesta quinta-feira com o objetivo de buscar maneiras de fortalecer a governança global e aprofundar a cooperação entre a China e a África.

O evento de dois dias, coorganizado pela Agência de Notícias Xinhua, pela União Africana (UA) e pela Mídia Independente da África do Sul, entre outros parceiros, reuniu mais de 200 representantes de mais de 160 veículos de comunicação, think tanks, organizações governamentais e outras instituições da China e de 41 países africanos, além da UA.

O foco do evento é como a colaboração entre a mídia e os think tanks pode contribuir para moldar uma governança global mais justa e inclusiva, sob o tema "Reformando a Governança Global: Novos Papéis e Visões para a Cooperação China-África".

Foto de arquivo sem data mostra vista da Zona de Cooperação Econômica e Comercial China-Egito TEDA Suez, no distrito de Ain Sokhna, província de Suez, Egito. (TEDA Investment Holding Co., Ltd./Divulgação via Xinhua)

FORTALECENDO A SINERGIA CHINA-ÁFRICA

Em um contexto de profundas transformações sem precedentes em um século, o despertar do Sul Global e sua crescente cooperação se tornaram parte indispensável do cenário internacional, com a cooperação China-África no centro.

Em 2015, 2018 e 2021, a China anunciou sucessivamente, no Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, na sigla em inglês), a implementação de 10 planos de cooperação, oito grandes iniciativas e nove programas, delineando um roteiro para a cooperação China-África.

Citando um provérbio africano: "Se você quer ir rápido, vá sozinho; se você quer ir longe, vá acompanhado", Lyu Yansong, editor-chefe da Agência de Notícias Xinhua, convidou a mídia e os think tanks a aproveitarem a conferência como oportunidade para construir consenso, fortalecer a solidariedade e a colaboração e, juntos, criar um futuro melhor, em seu discurso de abertura.

Ao discursar no evento, o embaixador chinês na África do Sul, Wu Peng, compartilhou três palavras-chave sobre a cooperação China-África: parceria, praticidade e perspectivas.

"A China está pronta para trabalhar com os países africanos a fim de implementar os resultados da Cúpula de Beijing do FOCAC, expandir ainda mais a cooperação mutuamente benéfica em todas as áreas e acelerar a modernização conjunta da China e da África", disse Wu.

Observando que a relação entre a África e a China evoluiu ao longo de décadas de solidariedade, respeito mútuo e aspirações compartilhadas de desenvolvimento, Leslie Richer, diretor de informação e comunicação da UA, disse que a África trabalhará com a China e outros parceiros do Sul Global para fazer com que sua voz seja melhor ouvida, promovendo narrativas mais equilibradas por meio de uma cooperação mais estreita com a mídia e os think tanks.

O evento contou com o lançamento da rede de parceria de comunicação conjunta do Sul Global "Unidos em Coração, Caminho e Ação - Plano de Ação para o Fortalecimento da Parceria China-África 2026", com o objetivo de apoiar melhor o desenvolvimento compartilhado da China e da África.

Ao elogiar o desenvolvimento das relações entre a África e a China, Jonathan Titus-Williams, vice-ministro do Planejamento e Desenvolvimento Econômico de Serra Leoa, disse que a parceria tem sido caracterizada, há muito tempo, pela solidariedade e por objetivos comuns, fundamentados no respeito mútuo, na igualdade e na aspiração coletiva por um mundo justo e pacífico.

Como anfitriã permanente da Exposição Econômica e Comercial China-África, a província chinesa de Hunan tem se empenhado nos últimos anos em promover a cooperação em diversas áreas, como agricultura, energia verde e cadeias industriais, com parceiros africanos.

Reconhecendo a exposição como uma importante iniciativa no âmbito dos principais planos de ação do FOCAC, Shen Yumou, chefe do departamento de comércio da província de Hunan, declarou que Hunan tem buscado fortalecer a cooperação China-África, focando na construção de seis grandes centros para o comércio de produtos não relacionados a recursos naturais, comércio eletrônico transfronteiriço, desenvolvimento industrial, cooperação financeira, logística e promoção comercial, visando se consolidar como polo estratégico para os laços econômicos entre a China e a África.

O agrônomo chinês, Hu Yuefang, explica crescimento de arroz a agricultores locais na Base de Demonstração de Arroz Híbrido de Alto Rendimento da China, perto de Antananarivo, Madagascar, em 25 de março de 2025. (Xinhua/Li Yahui)

PROMOVENDO A GOVERNANÇA INCLUSIVA

Na conferência, o Instituto Xinhua, um think tank afiliado à Agência de Notícias Xinhua, divulgou um relatório intitulado "Construindo Conjuntamente um Novo Modelo de Liderança Global – Trabalhando Juntos na Busca por um Sistema de Governança Global Mais Justo e Racional".

O relatório argumenta que o mundo enfrenta um déficit de liderança global, refletido no fracasso da paz, no desequilíbrio no desenvolvimento e na discórdia entre civilizações. Ele defende um 

"novo modelo de liderança global", que não venha de um único país, bloco ou organização internacional, mas que represente uma forma multilateral de liderança, uma sinergia forjada pela comunidade internacional em resposta ativa aos desafios globais.

Observando a Iniciativa de Governança Global apresentada pela China na Cúpula de Tianjin da Organização de Cooperação de Shanghai, em setembro, Lyu disse: "Vamos colocar a iniciativa em prática e moldar conjuntamente uma ordem internacional justa e igualitária".

Ele enfatizou que os meios de comunicação e os think tanks da China e da África devem expor de forma abrangente as soluções do Sul Global para o avanço da reforma do sistema de governança global e demonstrar a força do Sul Global, refletida na solidariedade e cooperação dos países em desenvolvimento.

As declarações do editor-chefe da Xinhua repercutiram fortemente entre os participantes.

"A Tunísia e muitos países africanos são parceiros-chave na Iniciativa de Governança Global e apoiam a aspiração da China por uma ordem mundial mais justa e igualitária", disse Najeh Missaoui, presidente e CEO da Agência de Notícias Túnis África.

Ressaltando o papel da mídia no avanço da governança compartilhada, Missaoui observou que a mídia não é mais apenas uma ferramenta para divulgar notícias ou compartilhar informações, ela se tornou uma poderosa força de influência cultural, moldando a opinião pública, contribuindo para a tomada de decisões e incentivando o diálogo e o entendimento mútuo entre os povos.

Da mesma forma, Ismaila Ceesay, ministro da informação da Gâmbia, disse que se acredita que o futuro da governança global deve ser inclusivo, multipolar e refletir a rica diversidade da experiência humana.

"O apoio da China no incentivo da capacitação, da transferência de tecnologia e do desenvolvimento de infraestrutura no cenário midiático africano é uma valiosa contribuição para esse objetivo", acrescentou ele.

Pesquisadores do Instituto de Ecologia e Geografia de Xinjiang, vinculado à Academia Chinesa de Ciências, e trabalhadores locais posam para foto em grupo no Parque Tecnológico Verde China-África, na região de Trarza, oeste da Mauritânia, em maio de 2024. (Foto por Zhou Na/Xinhua)

CONSTRUINDO UM FUTURO COMPARTILHADO

Os principais aspectos da cooperação China-África representam a visão chinesa de construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade.

Desde a criação do FOCAC, há 25 anos, a China e a África cooperaram na construção ou modernização de quase 100.000 km de estradas e mais de 10.000 km de ferrovias em toda a África. Nos últimos três anos, as empresas chinesas criaram mais de 1,1 milhão de empregos no continente africano.

Os resultados da cooperação China-África são visíveis e palpáveis, e beneficiaram os povos de ambos os lados.

Iqbal Surve, presidente da Mídia Independente da África do Sul, elogiou a parceria África-China como um exemplo do que a cooperação genuína pode alcançar, baseada no respeito mútuo, em objetivos compartilhados e no compromisso de construir uma ordem mundial mais justa e inclusiva.

"Juntos, podemos construir um mundo mais equilibrado, mais justo e mais humano, um mundo onde cada voz é ouvida e cada nação prospera", acrescentou ele.

Do arroz híbrido de Madagascar às aldeias demonstrativas de redução da pobreza agrícola em São Tomé e Príncipe, da Zona Industrial Oriental da Etiópia à Zona de Cooperação Econômica e Comercial TEDA Suez China-Egito, e do Parque Tecnológico Verde China-África na Mauritânia à usina geotérmica da Sosian Energy no Quênia, as soluções chinesas estão impulsionando a modernização do continente.

Erastus Mwencha, ex-vice-presidente da Comissão da UA, elogiou a China como um dos países que realmente falam e defendem o Sul Global, observando que a filosofia Ubuntu da África, que significa "Eu sou porque nós somos", defende que ninguém deve ser deixado para trás e reflete valores que se alinham estreitamente com a visão e a defesa da China.

Ressaltando a importância de um modelo de governança global orientado a uma ação para abordar as preocupações práticas da paz e do desenvolvimento sustentáveis, Peter Kagwanja, presidente e diretor-executivo do Instituto de Políticas Africanas, disse que a África e a China devem se unir na proposta da Iniciativa de Governança Global como o caminho mais seguro para um sistema de governança global reformado e inclusivo.

"É fundamental concretizar o nobre sonho de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade em uma ordem multipolar", acrescentou ele.