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Investimento chinês no Brasil cresce 113% em 2024, atingindo US$ 4,8 bilhões

6 de setembro de 20254 min de leitura

Rio de Janeiro, 5 set (Xinhua) -- Os investimentos chineses no Brasil tiveram uma forte recuperação em 2024, aumentando 113% em relação ao ano anterior, para chegar a US$ 4,8 bilhões, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

O estudo destaca que o Brasil se consolidou como o principal destino do capital chinês entre as economias emergentes, além de ocupar o terceiro lugar globalmente em recebimento de investimentos produtivos da China.

A reorientação da política externa brasileira a partir de 2023, marcada pela reinserção do país em fóruns multilaterais e maior cooperação com parceiros estratégicos, é identificada como um fator-chave para a reativação dos fluxos de capital. Nesse contexto, os projetos de infraestrutura ganharam maior importância durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que se refletiu no perfil dos investimentos chineses.

Segundo o relatório, o setor elétrico foi o principal destinatário de investimentos em 2024, com uma participação de 34% do total, equivalente a US$ 1,43 bilhão (aproximadamente 8,079 bilhões de reais a uma taxa de câmbio de 5,65 por dólar). Esse valor representou um crescimento de 115% em relação ao ano anterior, marcando a maior expansão relativa nessa área desde 2019.

Em segundo lugar, o setor de petróleo absorveu 25% dos recursos, com quase US$ 1 bilhão (US$ 5,65 bilhões de reais), um dos maiores valores da última década. Esses dados, destaca o CEBC, mostram que, embora a transição energética esteja avançando com forte participação de empresas chinesas em projetos de energia renovável, ainda há um interesse marcante em iniciativas ligadas a combustíveis fósseis. O setor automotivo ficou em terceiro lugar, com 14% dos investimentos, seguido por mineração (13%), transporte terrestre (12%) e fabricação de equipamentos elétricos (2%).

Outro aspecto destacado no relatório é a redistribuição geográfica dos investimentos, que começam a se diversificar para além da concentração histórica na região Sudeste do Brasil. Novos polos de atração surgiram em outras partes do país, favorecendo a descentralização de projetos e impulsionando a integração regional.

Entre 2015 e 2019, o capital chinês no Brasil foi direcionado principalmente para projetos de menor porte, concentrados em setores como tecnologia da informação, manufatura e iniciativas de energia renovável. Isso ocorreu após uma redução de projetos de grande porte nos setores de energia elétrica e petróleo. A retomada de projetos de infraestrutura a partir de 2023 mudou esse panorama, retornando os holofotes para projetos de grande porte.

O CEBC destacou que o desempenho do Brasil contrasta com a tendência global dos fluxos de capital chinês. Enquanto nos Estados Unidos, os investimentos da China caíram 11% em 2024, no Brasil eles dobraram, superando em muito o ritmo de outras regiões.

Na União Europeia e no Reino Unido, os investimentos chineses cresceram 47%, e na Austrália, 41%, embora em ambos os casos os números permaneçam inferiores aos registrados em anos anteriores. Na América Latina e no Caribe, excluindo o Brasil, os investimentos chineses caíram 8,4%.

Assim, o Brasil consolidou sua posição como parceiro prioritário da China no cenário internacional, com projetos de alto impacto em energia, logística e infraestrutura industrial.

O crescimento dos investimentos chineses no Brasil em 2024 superou em muito o desempenho geral do investimento estrangeiro direto (IED) no país. Segundo dados do Banco Central do Brasil, o total de IED recebido foi de US$ 71 bilhões (401,15 bilhões de reais), representando um aumento de 13,8% em relação a 2023.

Em contrapartida, os fluxos de capital chinês cresceram mais de oito vezes essa média, confirmando o dinamismo da relação bilateral e o interesse das empresas chinesas em expandir sua presença na maior economia da América Latina.

O CEBC, criado em 2004, reúne líderes empresariais e de diversos setores públicos e privados e tem como missão promover o fortalecimento dos laços entre Brasil e China. Seu relatório mais recente reforça a percepção de que o relacionamento entre os dois países vive um novo ciclo, marcado pela expansão de projetos estratégicos e pela diversificação das áreas de cooperação.