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Inspiradas pela expertise chinesa, mulheres de Zanzibar impulsionam indústria de algas marinhas da Tanzânia

13 de outubro de 20253 min de leitura
Inspiradas pela expertise chinesa, mulheres de Zanzibar impulsionam indústria de algas marinhas da Tanzânia

Semeni Mohammed Salum (direita), secretária da cooperativa Wakulima Hai, e uma colega mostram produtos à base de algas marinhas na oficina da cooperativa em Zanzibar, Tanzânia, em 4 de outubro de 2025. (Xinhua/Nurdin Pallangyo)

Em Zanzibar, Tanzânia, mulheres estão mudando seus meios de subsistência transformando algas marinhas e outros recursos marinhos em negócios prósperos, buscando inspiração e habilidades na expertise da China na economia azul.

Por Hua Hongli e Lucas Liganga

Dar es Salaam, 9 out (Xinhua) -- Em Zanzibar, Tanzânia, mulheres estão impulsionando a economia azul, transformando algas e outros recursos marinhos em negócios prósperos, inspiradas pela expertise e cooperação da China.

Semeni Mohammed Salum, secretária da cooperativa Wakulima Hai, "Agricultores Vivos" em suaíli, está entre as pioneiras que lideram essa transformação. A cooperativa, que reúne mais de 100 membros, incluindo cerca de 80 mulheres e 20 homens das ilhas de Unguja e Pemba, virou um modelo de como as mulheres podem transformar a riqueza do oceano em meios de subsistência sustentáveis.

"Nossa cooperativa foi formada após receber treinamento do Ministério da Economia Azul e Pesca", disse Semeni. "Posteriormente, nos beneficiamos de treinamento em empreendedorismo na província chinesa de Fujian, onde aprendemos técnicas avançadas de cultivo de algas e pepinos-do-mar".

A primeira visita de Semeni à China em 2011 abriu a fez enxergar novas possibilidades. No Instituto de Oceanografia de Fujian, ela passou um mês aprendendo habilidades práticas em cultivo marinho. Uma segunda visita em 2017 aumentou ainda mais sua experiência em cultivo de pepinos-do-mar e processamento de algas marinhas.

"Visitando mercados na China, descobrimos que muitos produtos marinhos que costumávamos ignorar em Zanzibar eram altamente valorizados lá", disse ela. "Essa experiência nos fez enxergar as vastas oportunidades ao nosso redor".

Ao retornar, Semeni colocou em prática o que havia aprendido e ajudou a estabelecer a primeira fazenda de pepinos-do-mar em Zanzibar. Hoje, sua cooperativa não apenas cultiva algas marinhas, como as processam em produtos de valor agregado, como sabonetes, óleos capilares, óleos de massagem, xampus e pó de algas marinhas, além de vender pepinos-do-mar, ostras e intestinos de peixe.

"No começo, não sabíamos o valor desses produtos marinhos", disse Semeni. "Mas, após o treinamento, percebemos seu potencial como alimento, medicamento e fonte de renda".

Produtos à base de algas marinhas, incluindo óleo capilar, óleo de massagem e bálsamo, são exibidos na cooperativa Wakulima Hai em Zanzibar, Tanzânia, em 4 de outubro de 2025. (Xinhua/Nurdin Pallangyo)

Sob sua liderança, mais de 80% dos produtores de algas marinhas de Zanzibar, a maioria mulheres, se beneficiaram de novas habilidades e técnicas de produção aprimoradas. De acordo com estatísticas oficiais, Zanzibar produziu 12.594 toneladas de algas marinhas anualmente até o final de 2022, com exportações atingindo quase 14.000 toneladas por ano. O setor agora apoia cerca de 23.000 produtores, sendo 90% mulheres.

Apesar desses avanços, os desafios persistem. "Convencer a comunidade a usar produtos marinhos como alimento e negócio ainda é difícil", disse Semeni. "Embora a China e outros países os consumam amplamente, na Tanzânia eles ainda são subutilizados".

Semeni acredita que as habilidades e o conhecimento que adquiriu na China transformaram sua vida e podem inspirar muitas outras pessoas. "O oceano pode empoderar as mulheres economicamente", disse ela. "Somos gratas ao governo chinês por compartilhar esse conhecimento e por nos mostrar que os recursos marinhos podem transformar vidas".

Para Semeni, as recompensas vão muito além dos ganhos financeiros. "Por meio deste negócio, eduquei meus seis filhos. Alguns agora estão na universidade", disse ela com orgulho. "Os produtos marinhos não são apenas uma questão de renda, mas uma questão de oportunidade, dignidade e futuro melhor".