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Idoso de Zanzibar, na Tanzânia, ganha nova chance de vida graças à experiência médica chinesa

27 de outubro de 20254 min de leitura
Idoso de Zanzibar, na Tanzânia, ganha nova chance de vida graças à experiência médica chinesa

Médicos chineses e tanzanianos posam para fotos com o paciente Omar Haji Makame após uma cirurgia laparoscópica no Hospital Lumumba em Zanzibar, Tanzânia, em 20 de outubro de 2025. (35ª equipe médica chinesa em Zanzibar/Divulgação via Xinhua)

Desde a década de 1960, mais de 800 profissionais médicos chineses trabalharam em Zanzibar, na Tanzânia, realizando mais de 240.000 cirurgias e salvando milhares de vidas. Agora, a 35ª equipe médica chinesa continua esse legado, trazendo não apenas experiência, mas também equipamentos e treinamento essenciais.

Por Hua Hongli, Lin Guangyao e Lucas Liganga

Dar es Salã, 25 out (Xinhua) -- Para Omar Haji Makame, 74 anos, morador de Zanzibar, na Tanzânia, conhecido por seu comportamento gentil e tranquilo, os últimos cinco meses foram uma jornada angustiante de dor, incerteza e, por fim, esperança.

Sua história, marcada pela resiliência e cooperação internacional, agora serve como prova do poder transformador da assistência médica e da compaixão humana.

De acordo com seu filho, tudo começou com um inchaço incômodo até que uma forte dor abdominal deixou Makame incapaz de defecar e vomitando incontrolavelmente. Os médicos diagnosticaram uma obstrução intestinal e uma massa no cólon sigmoide, e fizeram uma colostomia de emergência para salvar sua vida.

"Tenho muitos filhos, mas sofri com o impacto físico e emocional do estoma, e os desafios diários de gerenciar o dispositivo sem ajuda fizeram com que eu me sentisse isolado e vulnerável", lembrou Makame, que mora sozinho, à Xinhua.

Semanas depois, surgiu uma protuberância ao redor do estoma, que foi diagnosticada como uma hérnia paraestomal. Apesar de outra cirurgia e três ciclos de quimioterapia, seu tumor não respondeu bem ao tratamento.

Haitham Hassan, médico local do Hospital Lumumba, disse que, conforme o caso ficava cada vez mais complexo, uma ressecção cirúrgica estava sendo considerada. No último instante, a 35ª equipe médica chinesa em Zanzibar chegou ao Hospital Lumumba. Entre eles estava Bao Zengtao, cirurgião geral e líder da equipe, que não poupou esforços para salvar Makame.

Bao, juntamente com Hassan, iniciou uma avaliação completa, incluindo tomografias computadorizadas abdominais aprimoradas e exames de marcadores tumorais. Bao concluiu que Makame poderia passar por uma cirurgia laparoscópica minimamente invasiva, uma técnica anteriormente considerada inviável para um caso dessa complexidade.

Bao Zengtao (1º à esquerda), cirurgião geral e líder da 35ª equipe médica chinesa em Zanzibar, trabalha com médicos tanzanianos durante cirurgia laparoscópica no Hospital Lumumba em Zanzibar, Tanzânia, 20 de outubro de 2025. (35ª equipe médica chinesa em Zanzibar/Divulgação via Xinhua)

"Muitos presumiram que a cirurgia aberta era a única opção", explicou Bao. "Mas com avaliação cuidadosa e colaboração, encontramos uma opção que poderia minimizar o trauma e acelerar a recuperação".

A equipe cirúrgica foi ampliada para incluir Zhang Shuxian, especialista em endoscopia, que ajudou a confirmar a localização precisa do tumor e a funcionalidade do intestino proximal. As tomografias computadorizadas não revelaram sinais de metástase, abrindo caminho para uma operação ousada e sem precedentes.

No dia da cirurgia, uma equipe multidisciplinar se reuniu: Bao liderou o procedimento, apoiado por Hassan, pelo urologista Wang Kunpeng e pelo anestesista Luan Hengfei.

Juntos, eles realizaram uma ressecção radical laparoscópica do câncer de cólon sigmoide, reverteram a colostomia e repararam a hérnia, tudo na mesma operação. Foi o primeiro caso em Zanzibar a ser tratado usando essa técnica avançada.

"Não vou mais sofrer com dores de colostomia. Voltarei a viver como uma pessoa normal", expressou ele, com muita gratidão à equipe médica.

Suas palavras ressoaram profundamente nos médicos chineses, muitos dos quais passaram anos atendendo na África sob o programa de assistência médica da China. Desde a década de 1960, mais de 800 profissionais médicos chineses trabalharam em Zanzibar, realizando mais de 240.000 cirurgias e salvando milhares de vidas.

A 35ª equipe médica chinesa continua esse legado, trazendo não apenas experiência, mas também equipamentos e treinamento essenciais. No início deste ano, o Ministério da Saúde de Zanzibar recebeu suprimentos médicos do governo chinês para apoiar operações cirúrgicas e lançar campanhas médicas especializadas em todo o arquipélago.

O presidente de Zanzibar, Hussein Ali Mwinyi, homenageou recentemente os membros da 34ª equipe médica chinesa por seus serviços excepcionais, destacando a parceria duradoura entre a China e a Tanzânia no setor da saúde.

Makame iniciar um novo capítulo em sua vida, livre dos fardos que o incomodavam, é um lembrete de que, por trás de cada conquista cirúrgica, há uma vida transformada e que a cura não tem fronteiras.