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Destaque: Nas planícies de Maasai Mara, no Quênia, dupla chinesa constrói lar de esperança para 29 meninas

23 de setembro de 20255 min de leitura
Destaque: Nas planícies de Maasai Mara, no Quênia, dupla chinesa constrói lar de esperança para 29 meninas

Tang Lin (frente, 3º à esquerda), Mary Silantoi (frente, centro) e Yuan Lin (frente, 3º à direita) posam para foto com meninas na sala de aula recém-construída do centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)

Nairóbi, 20 set (Xinhua) -- Quase todos os fins de semana, Tang Lin e Yuan Lin partem pelas planícies de Maasai Mara, no Quênia, com seu veículo cheio de suprimentos, tênis, roupas, doces e itens essenciais, destinados às 29 meninas sob seus cuidados.

À beira da mundialmente famosa Reserva Nacional Maasai Mara, no Condado de Narok, fica o centro de resgate Namunyak, um refúgio modesto, porém vibrante, para meninas cujo futuro antes era incerto. Seu nome, Namunyak, significa "felicidade" na língua massai.

Tang e Yuan, ambos do município de Chongqing, no sudoeste da China, vieram ao Quênia para seguir carreira no turismo. Conforme o número de visitantes chineses no país da África Oriental aumentava, seus negócios cresciam de forma constante. Em 2019, eles deram o salto e compraram um eco-lodge em Maasai Mara. O que começou como um empreendimento logo virou uma inesperada missão de compaixão.

Pouco depois de abrirem seu lodge, uma mulher local chamada Mary Silantoi os abordou. Como voluntária no departamento de assuntos da mulher e da criança do condado, Silantoi acolheu várias meninas que fugiram de casamentos precoces ou de mutilação genital feminina. Ela pediu espaço para administrar uma pequena loja no lodge para apoiar seus cuidados.

De acordo com um relatório divulgado pelo governo local, meninas de 10 a 19 anos representam cerca de 30% das mulheres grávidas na região. Muitas, ainda crianças, são casadas por suas famílias em troca de algumas vacas.

"Eu tenho uma filha", disse Tang, 48 anos. "Quando vi crianças correndo descalças e soube que muitas estavam fora da escola, não consegui ignorar".

"Os moradores locais nos ajudaram a estabelecer nosso negócio e queríamos retribuir", disse Yuan.

A dupla decidiu não apenas apoiar a loja de Silantoi, mas também ajudar a criar um lar permanente e seguro para as meninas. Essa decisão levou à fundação da Namunyak, uma organização comunitária dedicada à proteção de meninas vulneráveis.

Em junho de 2023, Tang e Yuan compraram 15 acres (cerca de 6 hectares) de terra perto da cidade de Aitong, em Narok, e construíram o que hoje é o centro de resgate de Namunyak. Embora modesto, o centro proporcionou a Silantoi e às meninas um lugar que finalmente poderiam chamar de seu.

Nos últimos dois anos, Tang e Yuan consertaram as moradias das meninas, instalaram eletricidade e uma torre de água, pagaram as mensalidades escolares e contrataram seguranças e cuidadores. Perto do centro, há salas de aula recém-construídas, uma cozinha e banheiros, além de três cabanas tradicionais de palha que servem como escritório e alojamento de Silantoi.

Entre as meninas está Mitchell Ketere, 13 anos, que se juntou à Namunyak há dois anos, depois que a morte do pai deixou sua família em dificuldades. "Quero ser chef um dia. Adoro cozinhar para os outros", disse ela com um sorriso radiante.

"Essas meninas enfrentaram passados ​​difíceis, mas agora irradiam orgulho, paixão e esperança", disse Silantoi, que se dedica a ensinar valores, resiliência e respeito próprio. Aos 56 anos, ela sonha com um dia em que nenhuma menina precise ser resgatada, em que todas as meninas Maasai tenham uma infância segura e feliz.

Em março de 2024, o governo local registrou oficialmente a Namunyak como uma organização comunitária, reconhecendo sua contribuição para o bem-estar local.

Para Tang e Yuan, sua jornada no Quênia é mais do que caridade. "Construímos um negócio aqui, mas também construímos uma família", disse Tang. Yuan acrescentou: "Felicidade significa que todas as filhas, seja no Quênia ou na China, tenham uma vida digna".

Nas vastas planícies de Masai Mara, onde a vida selvagem vagueia livremente, dois homens da distante China plantaram sementes de esperança. Para as 29 meninas de Namunyak, felicidade não é mais apenas uma palavra, é um lar.

Meninas jogam futebol no centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)

Meninas almoçam no centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)

Meninas experimentam sapatos doados por turistas chineses no centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)

Uma menina recebe almoço no centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)

Meninas jogam jogo de tabuleiro no centro de resgate Namunyak, na cidade de Aitong, em Narok, Quênia, em 31 de agosto de 2025. (Xinhua/Yang Guang)