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Destaque: China devolve batimentos cardíacos para criança afegã, milhares aguardam cirurgias

17 de novembro de 20254 min de leitura
Destaque: China devolve batimentos cardíacos para criança afegã, milhares aguardam cirurgias

Bilal Shafiq (esquerda) brinca com seu amigo na província de Khost, Afeganistão, em 28 de outubro de 2025. (Foto por Saifurahman Safi/Xinhua)

Ali Sher, Afeganistão, 15 nov (Xinhua) – "Não me canso mais facilmente; antes, até uma corrida curta me deixava exausto. Estou muito feliz por ter feito a cirurgia e recuperado minha saúde e vigor", disse Bilal Shafiq, um menino que antes lutava para respirar, mas agora aproveita a vida em sua aldeia ancestral na província de Khost, no leste do Afeganistão, após uma cirurgia cardíaca bem-sucedida na China.

A história de Bilal começou há quase uma década, quando uma cardiopatia congênita ameaçou roubar seu futuro. Com falta de ar e frágil, ele foi proibido de brincar com os amigos, seu mundo se resumindo aos limites da modesta casa de sua família no remoto distrito de Ali Sher, na província de Khost.

Então, a esperança chegou de longe. Em 2017 e 2018, ele estava entre as 100 crianças afegãs selecionadas para o programa Jornada dos Anjos. Essa iniciativa, liderada pela Fundação da Cruz Vermelha Chinesa (CRCF, na sigla em inglês), transportou jovens pacientes de avião para hospitais de ponta em Xinjiang, no noroeste da China, onde cirurgiões especialistas curaram seus corações gratuitamente.

Agora, entrando em seu 16º ano, Bilal compartilha sua rotina diária com um orgulho silencioso: "Estudo e faço minha lição de casa. Cuido do meu avô e do meu pai e busco os mantimentos para a casa". Tarefas simples, mas grandes vitórias para uma criança que antes estava confinada por um coração debilitado.

Lágrimas escorrem por seu rosto coberto de poeira, não de dor, mas de uma onda avassaladora de gratidão. "As lágrimas que correm em minhas veias transbordam de pura alegria, pois estou extremamente feliz", disse Bilal à Xinhua, que viajou para a China em 2017 para a cirurgia que salvou sua vida.

Hoje, Bilal brinca alegremente com seus colegas, com energia de sobra. "Voltei a ser saudável, brinco com meus amigos. Antes, eu não conseguia fazer nada", disse ele, radiante. Esse renascimento vai além dele, é um pilar de salvação entrelaçado na história de sua família.

Lailo Khan, avô de Bilal, de 61 anos, um agricultor experiente que trabalhou incansavelmente para sustentar 31 parentes com colheitas escassas, relembra a angústia da impotência. Sem recursos para tratamento médico, ele viu seu neto definhar. Agora, ele expressa profunda gratidão: "Somos profundamente gratos à China, pois somos um povo pobre, sem recursos para tratar nossos doentes. A China nos ajudou, acolheu Bilal, realizou a cirurgia e agora ele está com saúde perfeita".

A alegria da família é palpável. "Essa doença tinha destruído a vida dele, mas agora nos alegramos com sua cura; seu pai, sua mãe e todos os membros da família estão radiantes", disse Khan à Xinhua em sua fazenda na região de Haroon Khail, distrito de Ali Sher.

O avô de Bilal contou que toda a viagem à China, incluindo a cirurgia, durou 22 dias, durante os quais todos os serviços foram prestados gratuitamente.

Quase uma década após a operação de Bilal, as equipes médicas chinesas que o trataram mantêm contato regular e continuam acompanhando sua saúde. Há apenas três meses, o hospital na China ligou novamente para saber como ele estava, um gesto que emocionou profundamente a família.

O milagre de Bilal evidencia uma crise mais ampla no Afeganistão, onde cardiopatias congênitas afetam milhares de pessoas. A má nutrição materna durante a gravidez, os casamentos consanguíneos e o uso indiscriminado de medicamentos alimentam essa epidemia.

Cerca de 15.000 crianças afegãs diagnosticadas com cardiopatias congênitas estão cadastradas e ainda aguardam tratamento, muitas delas de famílias pobres sem acesso a cuidados especializados, disse à Xinhua no final de setembro, Hafiz Abdul Qadeem Abrar, porta-voz da Sociedade do Crescente Vermelho Afegão.

Enquanto o Afeganistão continua enfrentando dificuldades com a infraestrutura médica limitada e os problemas financeiros, famílias como a de Bilal veem a cooperação médica internacional como um pilar de salvação para crianças que, de outra forma, enfrentariam perspectivas sombrias.

Para Bilal, a vida que ele tem hoje era inimaginável. Para milhares de crianças afegãs como ele, a esperança agora está em futuras parcerias médicas humanitárias que possam oferecer a mesma chance de vida, saúde e alegria.

Bilal Shafiq (esquerda) brinca com seus amigos na província de Khost, Afeganistão, em 28 de outubro de 2025. (Foto por Saifurahman Safi/Xinhua)