Suprimentos de ajuda chineses para sobreviventes do terremoto chegam a um acampamento no distrito de Khas Kunar, na província de Kunar, Afeganistão, em 22 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Ang)
Cabul, 23 set (Xinhua) -- Em frente à sua tenda em um acampamento no distrito de Khas Kunar, na província de Kunar, no leste do Afeganistão, atingida pelo terremoto, um homem triste disse que o acampamento foi construído com as tendas fornecidas pela China.
Aguentando o impacto do terremoto devastador em seu rosto transtornado, o homem abatido, que perdeu cinco membros de sua família no terremoto recente e não conseguia falar devido a um nó na garganta, apenas murmurou: "Muitos foram mortos e feridos", e apontou o dedo para um morador, Shir Ali, para que ele contasse sobre o desastre natural.
"Faltavam 10 minutos para a meia-noite quando o chão tremeu violentamente e as luzes se apagaram", disse Shir Ali à Xinhua, com a voz muito triste. "No início, alguns pensaram que era uma explosão, outros acharam que era outra coisa. Só mais tarde percebemos que era um terremoto. Ao amanhecer, por volta das 5h30 ou 6h, soubemos que cerca de 200 moradores de Loykali morreram e vários ficaram feridos".
O terremoto de magnitude 6,0 atingiu o leste do Afeganistão no final de agosto, devastando a província de Kunar. Segundo autoridades provinciais, mais de 2.200 pessoas perderam a vida e mais de 3.600 ficaram feridas. Quase 7.000 casas foram destruídas, reduzindo dezenas de vilarejos a escombros e deixando mais de 80.000 moradores afetados. Sobreviventes como Shir Ali agora lutam para reconstruir suas vidas em meio aos destroços.
Apesar da devastação, a gratidão é profunda. "Somos gratos a todas as nações, incluindo a China, por nos ajudar nessa hora de necessidade", disse Shir Ali, ao lado de uma pilha de suprimentos doados. "Eles enviaram tudo: farinha, sapatos, roupas. Somos gratos a todos os países e agências de ajuda humanitária, e também aos funcionários do governo afegão que ajudaram a distribuir tudo".
O governador da província de Kunar, Mawlawi Qudratullah Abo Hamza, agradeceu à China pelo envio de assistência à área afetada pelo terremoto. "A ajuda inclui alimentos, roupas e outros itens essenciais, e somos verdadeiramente gratos", disse ele à Xinhua.
A China, que forneceu ajuda humanitária às pessoas atingidas pelo terremoto no leste de Paktika em junho de 2022 e no oeste de Herat em outubro de 2023, respectivamente, prestou assistência no valor de 50 milhões de yuans (cerca de 7 milhões de dólares americanos) às famílias afetadas pelo terremoto na província de Kunar.
O acampamento onde Shir Ali agora vive acomoda cerca de 4.000 famílias. Fileiras de tendas brancas se estendem pela planície empoeirada, e equipes médicas voluntárias prestam tratamento aos feridos. No entanto, o inverno iminente representa uma séria ameaça. Nessa região montanhosa, as temperaturas ficam abaixo de zero em dezembro, muito antes de várias famílias conseguirem reconstruir suas casas permanentes.
"Para a construção de um quarto, precisamos de 400.000 a 500.000 afegãos (cerca de 6.000 a 7.500 dólares)", explicou Najmudin, outro sobrevivente do terremoto. "Mas não sobrou nada. Além dos materiais de ajuda, não temos dinheiro. Na minha aldeia de Mazar Dara, cada família perdeu cinco, seis ou até dez entes queridos. Não conseguiremos reconstruir sem ajuda externa".
Mawlawi Qudratullah Abo Hamza disse que a falta de abrigos continua sendo o maior desafio. "Apelamos às nações doadoras, agências de ajuda humanitária e líderes empresariais afegãos para que ajudem a reconstruir as casas antes do inverno".
Ao anoitecer sobre o acampamento, crianças brincam entre caixas empilhadas de farinha e roupas, uma lembrança fugaz da vida normal. Por enquanto, as tendas doadas pelos chineses oferecem abrigo e esperança vitais. Mas para milhares de pessoas que perderam suas casas e entes queridos, o caminho para a recuperação será longo, e o inverno que se aproxima ressalta a urgência da reconstrução.

Sobreviventes do terremoto recebem suprimentos de ajuda chineses no distrito de Khas Kunar, na província de Kunar, Afeganistão, em 22 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Ang)


