* Um dos principais focos da conferência é a apresentação de uma nova rodada de NDCs. Segundo o Acordo de Paris, adotado por 195 países há uma década para combater as mudanças climáticas, os signatários deveriam apresentar NDCs mais ambiciosas este ano. No entanto, apenas cerca de um terço fez isso até 30 de setembro.
* Enfatizando a importância da cooperação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, Guterres pediu um caminho claro para mobilizar 1,3 trilhão de dólares americanos anualmente para os países em desenvolvimento até 2035, incluindo 300 bilhões de dólares por ano em contribuições dos países desenvolvidos.
* A China fez "uma grande contribuição" para o desenvolvimento de tecnologias verdes inovadoras e apoiou o Sul Global na resposta às mudanças climáticas, disse à Xinhua a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
Aves voam em um parque ecológico em Belém, Brasil, em 13 de novembro de 2025. (Xinhua/Wang Tiancong)
Belém, Brasil, 15 nov (Xinhua) -- A 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começou nesta segunda-feira na cidade amazônica de Belém, no Brasil, é mais um marco na melhoria da governança climática global de forma justa e equitativa.
A COP30, que vai até 21 de novembro, reúne representantes de quase 200 países e regiões para se concentrarem nos esforços necessários para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius, na apresentação de novos planos de ação nacionais conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) e no progresso das promessas de financiamento feitas na COP29.
A comunidade internacional espera que todos os participantes aprofundem o consenso e promovam mudanças na governança climática global. Todas as partes podem "optar por fazer de Belém o ponto de virada", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na plenária de abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática, antes da conferência.
COMPROMISSOS VERSUS DESAFIOS
Um dos principais focos da conferência é a apresentação de uma nova rodada de NDCs. Segundo o Acordo de Paris, adotado por 195 países há uma década para combater as mudanças climáticas, os signatários deveriam apresentar NDCs mais ambiciosas este ano. No entanto, apenas cerca de um terço fiz isso até 30 de setembro.
As emissões globais de dióxido de carbono provenientes de combustíveis fósseis devem atingir um recorde em 2025, com um aumento de 1,1% em relação a 2024, segundo um estudo destacado na quinta-feira na COP30.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa na cerimônia de abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém, Brasil, em 10 de novembro de 2025. (Foto por Lúcio Távora/Xinhua)
O Orçamento Global de Carbono 2025, produzido pelo consórcio científico internacional Global Carbon Project, estima que as emissões de CO2 fóssil atingirão 38,1 bilhões de toneladas este ano, à medida que o crescimento da demanda global de energia continua superando a expansão da energia renovável.
"O desafio que temos pela frente não é apenas identificar o que está faltando, mas mobilizar o que pode ser movido, transformar as deficiências em ambição, financiamento e tecnologia em forças de aceleração", disse o presidente da COP30, André Correa do Lago.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também pediu aos delegados para evitarem retórica vazia e se concentrarem no cumprimento dos compromissos climáticos.
ÊNFASE NA COOPERAÇÃO GLOBAL
"Estamos reunidos aqui em Belém, na foz do Amazonas", disse Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no dia da abertura da COP30, observando que, assim como o rio é nutrido e fortalecido por mais de mil afluentes, o processo da COP deve ser apoiado da mesma forma, impulsionado pelas diversas vertentes da cooperação internacional.
Ressaltando a importância da cooperação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, Guterres defendeu um caminho claro para mobilizar 1,3 trilhão de dólares anualmente para os países em desenvolvimento até 2035, incluindo 300 bilhões de dólares por ano em contribuições dos países desenvolvidos.
"A ação insuficiente dos países desenvolvidos, em outro sentido, levou o Sul Global a acelerar os esforços em direção a uma transição energética diversificada e autossustentável e a soluções de financiamento climático", disse Fernando Romero Wimer, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Integração Latino-Americana.

Funcionária interage com um papagaio-de-coroa-amarela em um parque em Belém, Brasil, em 13 de novembro de 2025. (Foto por Cláudia Martini/Xinhua)
Lula disse que a cooperação em energias renováveis em regiões carentes da América Latina e da África pode criar empregos e oportunidades econômicas, ao mesmo tempo que combate as mudanças climáticas.
"Há mais de 30 anos, na Cúpula da Terra, os líderes mundiais se reuniram no Rio de Janeiro para discutir o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente. Naquele momento, o multilateralismo estava no auge", disse o presidente brasileiro.
"Hoje, a Convenção sobre o Clima retorna ao seu berço", disse Lula. "Ela retorna para reacender o entusiasmo e o envolvimento que inspiraram seu nascimento".
CRESCIMENTO VERDE DA CHINA
O Pavilhão da China, uma plataforma para apresentar as conquistas do país na governança climática, chamou atenção global na COP30. Li Gao, chefe da delegação chinesa e vice-ministro da ecologia e do meio ambiente, apresentou ao público, durante um evento paralelo no pavilhão, a experiência da China no desenvolvimento de seu mercado nacional de carbono.
O sistema de comércio de emissões (SCE) da China foi expandido para incluir as indústrias de aço, cimento e alumínio desde 2024, disse Li, acrescentando que o volume acumulado de negociações ultrapassou 770 milhões de toneladas de licenças de carbono, com um valor total de mais de 51,8 bilhões de yuans (cerca de 7,3 bilhões de dólares) até o final de outubro de 2025.
Ele detalhou três principais conclusões: construir um mercado adequado às condições nacionais, aprimorar a qualidade e o gerenciamento de dados por meio da tecnologia e fortalecer a cooperação internacional e o reconhecimento mútuo nos mercados de carbono.

Li Gao, chefe da delegação chinesa e vice-ministro da ecologia e do meio ambiente, discursa em um evento paralelo de alto nível durante a COP30 em Belém, Brasil, 12 de novembro de 2025. (Xinhua/Wang Tiancong)
Valerie Hickey, diretora global para Mudanças Climáticas do Banco Mundial, chamou o SCE da China de "um modelo de crescimento constante e expansivo" e incentivou a comunidade internacional a fortalecer as trocas para tornar os mercados de carbono mais eficientes e inclusivos.
Zhao Yingmin, presidente da Coalizão Internacional para o Desenvolvimento Verde da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), disse que a China promoveu uma transição verde abrangente com medidas sistemáticas, alcançou resultados notáveis em civilização ecológica e desenvolvimento de energia renovável e estabeleceu uma meta nacional para 2035 que demonstra sua determinação em enfrentar as mudanças climáticas.
O crescimento verde é uma nova força motriz para o desenvolvimento e a cooperação em investimentos no âmbito da Rota da Seda Verde, proporcionando oportunidades para a criação de empregos, capacitação e crescimento sustentável, disse Stiell.
A China fez "uma grande contribuição" para o desenvolvimento de tecnologias verdes inovadoras e apoiou o Sul Global na resposta às mudanças climáticas, disse à Xinhua a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
(Repórter de vídeo: Xie Zhao; edição de vídeo: Zheng Xin, Liu Xiaorui, Li Qin e Roger Lott)


