Beijing, 17 out (Xinhua) -- A cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLPs), com o Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (também conhecido como "Fórum de Macau") como o principal mecanismo multilateral, consolida-se como um exemplo da cooperação do Sul Global.
Em 2024, durante a 6ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, os ministros dos países membros assinaram o Plano de Ação para a Cooperação Econômica e Comercial (2024-2027), abrangendo desde setores tradicionais a emergentes, como a economia digital e o desenvolvimento verde. Este quadro estratégico vai além da dimensão econômica, fortalecendo igualmente a cooperação em educação e cultura, traçando assim as diretrizes para uma parceria futura mais robusta.
Como resultado de décadas de colaboração, os frutos da parceria bilateral não se limitam a números, projetos e acordos, mas também se materializam em benefícios tangíveis na vida das pessoas.
Um bom exemplo desta cooperação materializa-se no setor agrícola. Em Moçambique, o suporte tecnológico chinês em sistemas de monitoramento de desastres e drones para levantamento de campo contribuiu para o aumento da produtividade e gestão sustentável da terra. Em Angola, um projeto experimental de arroz híbrido, apoiado pela China, impulsiona a expansão desta cultura, reforçando a autossuficiência alimentar local.
Na área de infraestrutura, os projetos têm transformado paisagens urbanas e impulsionado economias locais. Como um dos projetos emblemáticos da parceria sino-moçambicana, a ponte Maputo-Katembe estimula o desenvolvimento urbano e industrial e o mercado imobiliário local, representando um marco estrutural e simbólico da relação entre os dois países.
A parceria em tecnologia de ponta ilustra eloquentemente o dinamismo desta cooperação. Um marco histórico nesta trajetória foi a criação do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS) em 1988, reconhecido como modelo da cooperação Sul-Sul e pioneiro na colaboração aeroespacial entre países em desenvolvimento, com cinco satélites já lançados com sucesso. Além disso, o Brasil consolida-se como o país latino-americano com o maior número de laboratórios conjuntos estabelecidos com a China, incluindo o Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia.
Segundo Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e diretor do departamento de relações internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a decisão de elevação dos laços sino-brasileiros para uma "comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável" incorpora as principais direções da cooperação do Sul Global.
"Isso também demonstra a determinação da China e do Brasil em defender a equidade e a justiça internacionais e promover a melhoria da governança global, fortalecendo a união e o consenso entre o Sul Global, aumentando sua voz e influência internacional, e impulsionando reformas para tornar o sistema de governança global mais racional", comentou ele.
Segundo dados alfandegários da China, o comércio total entre a China e os PLPs atingiu US$ 225,18 bilhões em 2024, com um crescimento anual de 1,95%. Complementando esse fluxo comercial, o estoque de investimentos chineses nos PLPs somava cerca de US$ 80 bilhões até finais de 2023, com um volume de negócios nos projetos contratados de US$ 140 bilhões.
Macau destaca-se como uma ponte entre a China e os PLPs, sustentada pelo Fórum de Macau e pelo Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa (CPDFund), que tem financiado projetos diversificados em infraestrutura, novas energias e agricultura, abrangendo desde Angola e Moçambique até Brasil e Portugal.
Com bases sólidas e futuro promissor, as cooperações China-PLPs não apenas estão escrevendo um novo capítulo no cenário internacional, mas também explorando um novo paradigma de interação global, reforçando a relevância e o protagonismo do Sul Global.

