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China e ASEAN aprimoram o livre comércio, trazendo mais certezas para o mundo

28 de outubro de 20258 min de leitura
China e ASEAN aprimoram o livre comércio, trazendo mais certezas para o mundo

* Sendo os maiores parceiros comerciais um do outro pelo quinto ano consecutivo, China e ASEAN alcançaram várias conquistas em meio às crescentes incertezas externas.

* Além do comércio, a cooperação econômica entre China e ASEAN também se expandiu para uma integração mais profunda das cadeias industriais e de suprimentos.

* Da cooperação em infraestrutura em larga escala às viagens e consumo diários, o intercâmbio mais próximo entre os povos chinês e da ASEAN está reforçando a confiança, a compreensão e a amizade.

Kuala Lumpur, 26 out (Xinhua) -- Enquanto os líderes chineses e da ASEAN se reúnem esta semana, a planejada atualização da Área de Livre Comércio China-ASEAN ganha destaque.

Ainda este ano, os dois lados assinarão formalmente o Protocolo de Atualização 3.0 da Área de Livre Comércio China-ASEAN, impulsionando a integração econômica regional e o comércio global, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, na quarta-feira.

Sendo os maiores parceiros comerciais um do outro pelo quinto ano consecutivo, China e ASEAN alcançaram várias conquistas em meio às crescentes incertezas externas. Nos três primeiros trimestres, o comércio da China com a ASEAN totalizou 5,57 trilhões de yuans (cerca de 785 bilhões de dólares americanos), um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior, com eventos como a Exposição China-ASEAN realizados.

Novas conquistas coincidem com a adoção do Plano de Ação para a Implementação da Parceria Estratégica Abrangente China-ASEAN (2026 - 2030), que está altamente alinhado com a ASEAN 2045: Nosso Futuro Compartilhado e seus Planos Estratégicos. Em um novo ponto de partida, a região está ampliando a colaboração em infraestrutura, transição digital e verde, facilitação do comércio e intercâmbio interpessoal, abrindo caminho para uma integração regional mais profunda.

NOVA CONECTIVIDADE

Foto aérea de drone tirada em 20 de maio de 2025 mostra trem elétrico de alta velocidade (EMU, na sigla em inglês) saindo da Estação Tegalluar da Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung (HSR, na sigla em inglês) em Bandung, Indonésia. (Xinhua/Xu Qin)

Desde o início de suas operações, a Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung, na Indonésia, e a Ferrovia China-Laos têm desempenhado um papel indispensável na conectividade e mobilidade regional no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota, reduzindo significativamente os custos de logística e transporte.

Atravessando o Túnel Genting, de 16,39 km, a Ferrovia da Costa Leste da Malásia gera muitas expectativas para a conectividade e integração regional. Considerado um  "divisor de águas" para o transporte de passageiros e cargas na Península Malaia, esse projeto de infraestrutura histórico conectará cidades e centros importantes, integrando-se às redes ferroviárias ao longo do corredor.

Além das conexões ferroviárias, o próximo capítulo da conectividade está se desenrolando nos céus. A "Rota Aérea da Seda" Zhengzhou-Kuala Lumpur, uma parceria estratégica de carga aérea, adicionou outra dimensão à integração ASEAN-China, facilitando a logística e simplificando os fluxos de comércio eletrônico transfronteiriço.

Em agosto de 2024, o primeiro voo carregado com duriões frescos pousou no Aeroporto Internacional de Xinzheng, na cidade de Zhengzhou, no centro da China. "Agora, um durião Musang King naturalmente amadurecido pode chegar aos consumidores chineses em até 36 horas após a colheita. Isso era inimaginável há alguns anos", disse à Xinhua, Zhang Jianhao, secretário-geral da Federação Internacional de Desenvolvimento da Indústria do Durião da Malásia.

"Essa cooperação essencial destaca as vantagens do modelo de ‘centro duplo’", disse o ministro dos Transportes da Malásia, Anthony Loke Siew Fook. "Graças ao ‘canal verde’ e às políticas de desembaraço alfandegário ‘sem espera’ do aeroporto de Zhengzhou, os duriões malaios podem entrar no mercado chinês com eficiência. Enquanto isso, os produtos chineses de comércio eletrônico transfronteiriço também estão sendo exportados rapidamente para o Sudeste Asiático, formando gradualmente um modelo bidirecional de ‘duriões entrando na China e produtos de comércio eletrônico indo para o mundo’".

"A ASEAN deve aproveitar essa oportunidade. É por isso que incentivo nossas empresas de logística, especialmente as companhias aéreas locais e as empresas de serviços terrestres, a serem mais proativas na conexão com parceiros na região da ASEAN, consolidando mais produtos da ASEAN para exportação para a China", acrescentou ele.

COOPERAÇÃO MAIS SÓLIDA

Veículos elétricos Wuling Cloud são exibidos durante cerimônia em Cikarang, província de Java Ocidental, Indonésia, em 27 de novembro de 2024. (Xinhua/Zulkarnain)

Além do comércio, a cooperação econômica entre a China e a ASEAN também se expandiu para uma integração mais profunda das cadeias industriais e de suprimentos. Como a primeira montadora chinesa a investir e estabelecer uma fábrica na Indonésia, a SAIC-GM-Wuling (SGMW) ajudou 17 empresas chinesas da cadeia de suprimentos automotivos a se aventurarem na maior economia da ASEAN, desenvolvendo mais de 100 fornecedores locais nos últimos sete anos.

"Agora, os veículos elétricos chineses estão por toda a Indonésia", disse Humprey Arnaldo Russell, chefe do Centro de Pesquisa ASEAN-China da Universidade da Indonésia. "Vejo isso como um desenvolvimento muito positivo. Nos próximos 10 a 20 anos, acredito que poderemos até mesmo colaborar com a China para produzir veículos elétricos localmente".

Há muito mais que a ASEAN pode aprender com a experiência da China, especialmente em tecnologia e energia verde, áreas em que a China já assumiu a liderança, disse Russel, acrescentando que a China já desempenhou um papel importante no crescimento econômico da ASEAN e seu desenvolvimento contínuo continuará sendo um poderoso motor para a região.

Em julho, o lançamento de um novo megaprojeto de baterias para veículos elétricos na Indonésia foi mais um marco na cadeia de suprimentos de veículos elétricos em rápido crescimento do país, impulsionado por investimentos chineses. O projeto abrange toda a cadeia de suprimentos, desde a mineração e processamento de níquel até a produção, fabricação e reciclagem de materiais para baterias.

Essas iniciativas de energia verde, incluindo um projeto de energia solar flutuante de 60 MW realizado por uma empresa chinesa no país, alinham-se perfeitamente com o compromisso de longo prazo da Indonésia de atingir emissões líquidas zero até 2060.

Essa transformação é "mais do que uma transição energética", disse Fahmy Radhi, especialista em economia de energia da Universidade Gadjah Mada. "Ela abre as portas para a tecnologia limpa, incentiva o desenvolvimento de infraestrutura verde e fornece um caminho estratégico para a Indonésia se tornar uma nação industrial de energia limpa".

INTERCÂMBIOS MAIS PRÓXIMOS

Desde a cooperação em infraestrutura em larga escala até viagens e consumo diários, os intercâmbios mais próximos entre chineses e povos da ASEAN estão reforçando a confiança, a compreensão e a amizade.

Relembrando os primeiros dias do projeto da Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung, as histórias de construção de confiança e aprofundamento da compreensão entre as equipes chinesas e indonésias ainda emocionam Zhang Chao, diretor-executivo da PT Kereta Cepat Indonesia China, como a distribuição de envelopes vermelhos para a equipe indonésia para celebrar o Ano Novo Lunar juntos, e ver os colegas indonésios fazendo bolinhos de lua para seus colegas chineses durante a Festa do Meio Outono, etc.

Zhang disse que nesse momento ele percebeu que o reconhecimento cultural, a amizade e a confiança mútua estavam criando raízes.

Esse impulso também é sentido diariamente em toda a região, à medida que as frequentes trocas interpessoais unem mercados e comunidades.

A experiência de viajantes chineses nos países da ASEAN pode ser assim: com restaurantes chineses e uma crescente constelação de marcas de bebidas como Mixue e CHAGEE, lojas de varejo como POP MART e MINISO, tudo contribui para uma sensação de familiaridade. Os turistas podem sentir como se não tivessem saído de casa.

Clientes visitam loja Pop Mart em Kuala Lumpur, Malásia, em 18 de junho de 2025. (Xinhua/Cheng Yiheng)

Após a entrada em vigor do acordo de isenção mútua de visto entre a China e a Malásia, em 17 de julho, Lee Thai Hung, vice-diretor-geral do Turismo da Malásia, rapidamente utilizou plataformas de transmissão ao vivo em importantes plataformas chinesas, como Trip.com, Meituan e Fliggy, para apresentar a cultura, a culinária e as experiências de viagem exclusivas da Malásia aos internautas chineses.

"Planejamos atrair 47 milhões de visitantes internacionais em 2026 e gerar 329 bilhões de ringgits (cerca de 77 bilhões de dólares) em receitas de turismo", disse Lee. "Estamos confiantes de que o crescimento contínuo no número de visitantes chineses ajudará a Malásia a atingir essa meta e desempenhará um papel fundamental no fortalecimento das relações econômicas e comerciais entre a Malásia e a China".

Atualmente, a China possui acordos de isenção mútua de visto com Cingapura, Tailândia e Malásia para portadores de passaporte comum, permitindo estadias de até 30 dias por entrada. Além disso, a China concedeu entrada sem visto para Brunei e implementou o "Visto ASEAN" para profissionais de negócios elegíveis de todos os países da ASEAN, tornando a circulação transfronteiriça na região mais fluida.

(Repórteres de vídeo: Yu Lizhen, Zu Er, Tan Yaoming e Jonathan Edward; Tang Peipei, Zhang Yisheng e Li Sibo; edição de vídeo: Wei Yin, Zhao Tianlin e Zhang Yicheng)