Rio de Janeiro, 26 set (Xinhua) -- O Brasil encerrou 2024 com um estoque recorde de US$ 1,141 trilhão em Investimento Estrangeiro Direto (IED), equivalente a 46,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Censo de Capitais Estrangeiros divulgado nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC).
O novo recorde representa um salto significativo em relação aos 6,1% do PIB registrados em 1995, quando a série histórica teve início. Em 2000, a participação subiu para 17,1%, em 2010 para 25,2%, ultrapassou 30% pela primeira vez em 2019 (34,6%) e atingiu 45% em 2023.
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatística do Banco Central, enfatizou que a maioria das empresas que recebem capital externo é controlada por investidores estrangeiros, "com 100% do capital ou mais de 50% de controle", o que lhes confere uma relação mais próxima com o mercado internacional e maior conteúdo importador e exportador.
O Banco Central detalhou que, do total de US$ 1,141 trilhão, US$ 884,8 bilhões correspondem à participação no capital social das empresas - ou seja, dos sócios - e US$ 256,4 bilhões correspondem a transações entre empresas, como empréstimos intercompanhias.
"O caráter produtivo desse investimento aumenta a capacidade instalada do país e contribui para o crescimento da produtividade", enfatizou Rocha.
Embora a participação no PIB seja recorde, o volume absoluto foi maior no final de 2023, quando atingiu US$ 1,3 trilhão. Rocha explicou que a queda se deve ao efeito cambial: entre o final de 2023 e 2024, o real se desvalorizou de 4,84 para 6,19 por dólar, o que reduziu o valor em dólar dos investimentos feitos em moeda local.
Os principais países investidores no Brasil são Estados Unidos, França, Uruguai, Espanha e Holanda, com destaque para os setores que respondem por 40% do IED: serviços financeiros, comércio exterior, energia elétrica e extração de petróleo.

