Rio de Janeiro, 19 set (Xinhua) -- As negociações para um acordo comercial entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) foram concluídas, e a assinatura ocorrerá após o debate no Conselho Europeu, anunciou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, nesta sexta-feira.
Em entrevista coletiva conjunta com a Alta Representante para Relações Exteriores e Política de Segurança da União Europeia, Kaja Kallas, o ministro brasileiro afirmou que o texto deve ser traduzido para todos os idiomas dos países envolvidos e discutido no Conselho Europeu para sua assinatura, o que poderá ocorrer durante a próxima cúpula do Mercosul, no final do ano.
Posteriormente, cada país deve iniciar seu próprio processo de aprovação legislativa.
Por sua vez, Kallas explicou que a proposta já foi enviada ao Conselho Europeu, que agora deve deliberar sobre o assunto.
"Somos 27 países, 27 democracias, e há diferentes grupos. A discussão está em andamento e esperamos que tudo corra bem", afirmou.
Durante sua visita a Brasília, Kallas também se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, para discutir diversos temas, como o acordo Mercosul-UE e a defesa do multilateralismo.
O acordo entre a União Europeia e o Mercosul (bloco formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai) vem sendo negociado há mais de duas décadas e é considerado o maior acordo de livre comércio da história recente de ambas as regiões.
O acordo deverá eliminar tarifas em mais de 90% do comércio bilateral entre os dois blocos, o que abrangeria a grande maioria dos bens e serviços trocados.
Além da redução de tarifas, o acordo contempla a eliminação ou simplificação de barreiras não tarifárias, incluindo procedimentos aduaneiros, regulamentações sanitárias e fitossanitárias e requisitos para licitações públicas.
O texto não se limita ao comércio; Incorpora um componente político e de cooperação que inclui compromissos com o desenvolvimento sustentável, a adesão ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e obrigações ambientais específicas.
Essas disposições têm sido um ponto central de debate, especialmente para vários países europeus preocupados com o desmatamento e a proteção ambiental.
Para o Mercosul, a entrada em vigor do acordo significaria um acesso mais amplo aos mercados de alta renda, impulsionando as exportações de produtos agrícolas, alimentos processados, matérias-primas e indústrias com potencial internacional.
Para a UE, o tratado representa um movimento econômico e geopolítico, pois permitiria diversificar as cadeias de suprimentos, garantir o acesso a matérias-primas essenciais para as transições energética e digital e fortalecer sua presença comercial na América Latina em meio ao aumento das tensões globais e do protecionismo.

